Na Biblioteca Pública Municipal escreveu-se nos dias de hoje como se fazia antigamente

Recuar no tempo e aprender a escrever como antigamente: o desafio foi lançado pela Biblioteca Pública Municipal do Porto e as inscrições esgotaram. O colóquio dedicado à escrita e à arte da iluminura medieval incluiu uma oficina de escrita com tintas reproduzidas a partir de receitas medievais.

A letra desenhada sobre o papel, tal como era prática há séculos, voltou a ser aplicada com todo o rigor. No âmbito do colóquio A escrita e a arte da iluminura medieval. Bíblias Monumentais do mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, na Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP), decorreu na quinta-feira à tarde uma oficina de escrita medieval, onde a partir de receitas descritas em fontes ibéricas, os participantes puderam utilizar tintas de escrita medievais reproduzidas à base de galhas, também conhecidas como tintas ferro-gálhicas.

O evento teve lugar no auditório da BPMP, e contou no período da manhã com três apresentações: Bíblias Românicas de Santa Cruz de Coimbra: Criatividade e internacionalização; Uma paleta iluminada para as bíblias monumentais do mosteiro de Santa Cruz; e Palabra revelada, pero “obra de manos de hombres” (Ba. 6, 50).

A Biblioteca do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra possuiu duas bíblias (BPMP, Sta. Cruz 1 e Sta. Cruz 2 e 3), património de excelência cujo valor cultural e artístico tem estimulado estudos em contínua renovação.

Preservados na Biblioteca Pública Municipal de Porto, estes manuscritos estão entre os exemplares mais notáveis do seu tempo, para os quais são conhecidos modelos internacionais e particularidades locais. Continuam a interpelar os estudiosos e a gerar interrogações, nomeadamente sobre o seu lugar de produção e identidade dos seus iluminadores. Obras criadas em ambiente monástico medieval, apresentam-se à contemporaneidade em todo o seu esplendor, de materiais, formas e cores.