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Museu Romântico reabre após investimento superior a meio milhão de euros em obras de requalificação

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A Câmara do Porto abriu ao público o Museu Romântico. Rui Moreira inaugurou a nova exposição permanente e deu assim por terminado quase um ano de intervenção profunda neste equipamento municipal. Mas aproveitou para anunciar mais novidades neste domínio para os próximos tempos. 

Esta reabertura assinalou, ontem à noite, "o fim da mais significativa componente de obra" que a autarquia está a desenvolver no âmbito da candidatura ao Programa Operacional Regional do Norte 2014-2020 (NORTE 2020), para requalificação dos museus municipais com objetivos de conservação, proteção, promoção e desenvolvimento do património cultural, apontou o presidente da Câmara do Porto.


O projeto configura uma ideia de Museu de Cidade constituído por múltiplos polos, cada um deles renovado e em permanente convite a novas descobertas, a novos públicos. A sua concretização permitiu já "melhorar de forma expressiva três espaços municipais integrados na Rede Portuguesa de Museus: a Casa-Museu Guerra Junqueiro [reaberta em março do ano passado], a Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio [reaberta em julho] e o Museu Romântico", como lembrou Rui Moreira.  

Neste âmbito, melhoraram-se as acessibilidades externas e internas, tornando os equipamentos culturais mais amigáveis e "mais próximos da ideia de um museu para todos", explicou o autarca, destacando a presença na equipa do arquiteto Camilo Rebelo, do cenógrafo Tito Celestino da Costa e da dr.ª Paula Costa. Sob a sua orientação, restauraram-se peças, melhoraram-se as apresentações das coleções, a imagem, as áreas dedicadas aos serviços educativos, indo ao encontro da crescente procura por parte do público nacional e estrangeiro.

Concluída a etapa, fica agora disponível a nova exposição permanente do Museu Romântico instalado na Quinta da Macieirinha, onde se recria o ambiente de uma casa de campo no Porto de meados do século XIX. Rui Moreira sublinhou mesmo que o edifício, que foi residência do rei Carlos Alberto de Sabóia exilado no Porto, era já antes desta requalificação "o mais visitado dos nossos espaços museológicos". Talvez porque - admitiu - "o ambiente de época, o nome, os jardins abertos ao público do Palácio de Cristal e da Casa Tait que o envolvem compõem um discreto charme que convida a entrar".

A atração aumenta com o recente restauro de três pianos-fortes do século XIX, de oito relógios em bronze e antimónio, de trajes agora expostos, a colocação no museu de 13 pinturas propriedade da Câmara do Porto que estavam em depósito no Museu Nacional Soares dos Reis, e de um conjunto de gravuras e pinturas da coleção Vitorino Ribeiro provenientes das Reservas Municipais, permitindo alargar as coleções em mostra pública e dar a fruir à cidade o seu património.

Além disso, o equipamento digital e multimédia interativo agora instalado convive bem com o espólio de séculos anteriores, ajudando a descobri-lo e abrangendo novos públicos com maior sensibilidade tecnológica.

O valor total do investimento neste museu foi superior a meio milhão de euros, sendo 85% (469.827,34€) financiados pelo NORTE 2020 e 15% (82.910,71€) suportados pela Câmara do Porto. Do valor global de 552.738,05€, 356.160€ dizem respeito a obras e 196.578,05€ à musealização.

O presidente da Câmara adiantou que a requalificação dos polos museológicos e interpretativos do Museu da Cidade prossegue e que, paredes-meias com o Museu Romântico, abrirá em breve as portas na Casa Tait o Centro Interpretativo dos Caminhos do Romântico, concluindo-se a reabilitação de três Caminhos do Romântico que datam do Porto 2001. No espaço de uma antiga escola primária que se encontrava arruinada, junto ao Museu Romântico e à Casa Tait, vai nascer um espaço inteiramente dedicado aos Serviços Educativos, criando-se ali um eixo cultural renovado.

Por outro lado, prossegue igualmente a componente imaterial do projeto financiado pelo NORTE 2020, estando em curso a preparação dos catálogos atualizados dos museus que foram intervencionados e a renovação do website e dos prospetos de divulgação em quatro línguas.

Ímpeto de renovação alargada

Mas "este ímpeto de renovação estendeu-se a outros espaços, já fora do âmbito desta candidatura financiada", disse ainda Rui Moreira, para sublinhar que as obras do Museu do Vinho do Porto na Rua da Reboleira "estão muito avançadas" e a abertura acontecerá ainda neste ano.

Também a Casa-Oficina António Carneiro está em processo de requalificação e foi já restaurado o seu acervo de pintura, enquanto se desenha o projeto para a sua reabertura.

Por seu lado, o Banco de Materiais, o Gabinete de Numismática, as Reservas dos Museus Municipais, todos estes polos do Museu da Cidade têm em curso projetos de requalificação e mudança de instalações, a somar ao Museu de História da Cidade, projeto já em desenvolvimento e que irá instalar-se no antigo Reservatório da Pasteleira.

"Estamos também a preparar o tratamento do espólio do antigo Museu da Indústria para que um dia seja, também ele, devolvido à cidade", referiu ainda o presidente. E concluiu com mais uma novidade: a equipa técnica dos museus preparou uma programação para este ano que dará a conhecer, uma sexta-feira por mês ao final da tarde, o que há de novo nestes espaços renovados. "Deixamos este desafio: descobrir, ao entardecer, os museus que se qualificam e reinventam", disse Rui Moreira.

O "novo" Museu Romântico da Quinta da Macieirinha

O Museu Romântico está instalado numa antiga casa de campo, construída por meados do século XVIII para habitação de recreio, que pertenceu a um abastado comerciante portuense, na designada Quinta do Sacramento ou da Macieirinha. Foi nesta casa que se instalou (após curta estada no atual Palacete dos Viscondes de Balsemão) o exilado Rei da Sardenha e Príncipe do Piemonte, Carlos Alberto de Sabóia-Carignano, aqui passando os seus últimos dias e vindo a morrer a 28 de julho de 1849. Deste monarca foi neta Dona Maria Pia, uma das últimas rainhas de Portugal.

A propriedade, integrada numa ampla zona verde composta pelos Jardins do Palácio de Cristal e pelos Jardins da Casa Tait, ambos abertos ao público e com vista sobre o rio e mar, foi adquirida pelo Município para aí instalar o Museu Romântico. Inaugurado em 1972, o Museu recria o ambiente exterior e interior de uma habitação burguesa do século XIX, equipado com mobiliário e objetos decorativos da época, bem como os aposentos que retratam a presença do rei Carlos Alberto, exibindo algumas réplicas dos móveis originais que se encontram expostos no Museo Nazionale del Risorgimento Italiano, em Turim, oferecidas pelo Rei Humberto de Itália.

Rua de Entre-Quintas, 220 (ao Palácio de Cristal)

Aberto ao público de terça-feira a domingo, entre as 10 e as 17,30 horas

Encerra à segunda-feira e dias feriados

Bilhete: 2,20€ (descontos a estudantes e seniores)

Entrada gratuita aos fins-de-semana


tel. 226 057 000 

museuromantico@cm-porto.pt