Sociedade

Museu de História Natural e da Ciência quer contar a história da Covid-19

  • Inês Reis

  • Notícia

    Notícia

DR_A_Historia_Covid_19_MHNC_UP_01.JPG

DR

As obras de arte e artefactos vão dar lugar a máscaras, ventiladores, viseiras criadas em impressoras 3D, vacinas, processos de investigação e respetivos resultados. O propósito? Criar uma exposição que conte a história da Covid-19.

O Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) está a recolher, contextualizar e catalogar todos os objetos que permitam documentar a vivência, o efeito e as reações da humanidade à pandemia, para poder construir “A história da Covid-19”.

Rita Gaspar, curadora das coleções de Arqueologia, Etnografia e Antropologia biológica do MHNC-UP, estava atenta aos acontecimentos e à reação a eles, nomeadamente na adaptação da sociedade civil a esta realidade desconhecida: “Enquanto profissionais que preservam a memória, os curadores por todo o mundo sentiram logo este impulso de constituição de coleções que marcassem o momento e contassem esta história. E em Portugal não foi diferente”, cita o Notícias U.Porto.

Desta recolha fazem parte equipamentos de proteção individual como máscaras caseiras, viseiras criadas em impressoras 3D, máscaras que permitam a comunicação entre a comunidade surda, projetos dentro da academia e em articulação com o mundo empresarial que produziram os materiais em escassez (testes e cogulas, por exemplo), dispositivos desenvolvidos pela academia, por startups e pelo mundo empresarial, soluções médicas e tecnológicas, assim como os materiais de comunicação produzidos e disseminados pela universidade.

“Começámos a assistir às respostas da sociedade civil”, nomeadamente “com a produção de elementos de proteção individual, incluindo os que estavam em falta para entrega aos hospitais”. Em paralelo, também o tecido empresarial alterou as suas rotinas para poder reagir às necessidades que se reinventaram, desenvolvendo equipamentos para os centros hospitalares e para a sociedade civil.

“É importante guardar esta memória”, garante a curadora, “registando desde as máscaras sociais que foram feitas em casa, até à empresa de cotonetes que alterou a sua produção para zaragatoas em tempo recorde e em articulação com a academia, ou o centro de investigação que desenvolveu os testes rápidos”.

Falta agora recolher vacinas e ventiladores, para que o repositório seja o mais completo e diversificado possível.

O passo seguinte será trabalhar a divulgação deste acervo, e “contar a história deste episódio, em si, já histórico, através de iniciativas de âmbito diverso, nomeadamente exposições, ou outros eventos. Pretendemos também disponibilizar este acervo à comunidade científica e académica, para a realização de estudos e trabalhos de investigação”, acrescenta a curadora do MHNC-UP.

De resto, conclui Rita Gaspar, um pouco por todo o mundo, os museus foram fazendo este registo. “Uns mais focados nos diários dos confinados e nos desenhos das crianças enquanto repositório da apreensão social do momento”, outros ainda, “nos desenvolvimentos médicos ou tecnológicos”. Mesmo sem um “repto organizado nacional ou internacionalmente”, o certo é que se assistiu a “um movimento orgânico e natural de registo deste momento único” que vai, certamente, entrar para a História.