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Município estuda conjugar transporte coletivo e uso de lazer no Ramal da Alfândega

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Miguel Nogueira

A discussão pública sobre a utilização a dar ao Ramal da Alfândega, desativado há cerca de 30 anos, deverá ter início entre o final deste mês e o início de fevereiro, após estar concluído um estudo, encomendado pela Câmara do Porto, sobre a possibilidade de conciliar no local o transporte coletivo, durante a semana, e o uso de lazer, aos fins de semana.

A informação foi adiantada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, em resposta a uma questão colocada pelo vereador o Manuel Pizarro, do Partido Socialista, no período antes da ordem do dia na reunião de Executivo desta segunda-feira.

“Sabemos que a utilização daquele espaço por parte de muitos cidadãos é muito desejada. Tem um enorme potencial, parecido com outros modelos que existem, nomeadamente em Nova Iorque”, reconheceu o autarca. Este anseio motivou uma reflexão continuada e a conceção de uma forma de harmonizar vários usos naquela infraestrutura. “Introduzi muito recentemente o tema da possibilidade de os dois projetos em contenda não se excluírem um ao outro. Vou tentar ser mais claro: se nós pudermos configurar o canal da Alfândega de tal maneira que lá possa circular um veículo com rodado que não precise de trilhos, poderíamos imaginar uma situação em que, durante os dias da semana, aquele canal era utilizado para transporte público, sendo que ao fim de semana poderia ser para a outra alternativa, ou seja, para um espaço de lazer”, explicou.

Esta solução teria o mérito de “compaginar os dois interesses”, acrescentou Rui Moreira. “Conseguiríamos aqui fazer o pleno: ter de segunda a sexta-feira o canal a funcionar com veículos com rodado pneumático. Esses veículos seriam arrumados durante o fim de semana, e ao fim de semana poderia ser um espaço de lazer. É apenas mais uma solução, isto porque tenho tido o cuidado de ouvir a participação de muitos cidadãos”, admitiu o presidente da Câmara do Porto.

A viabilidade deste conceito está a ser estudada, revelou ainda o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, reconhecendo que a isso se deve o atraso no início da discussão pública sobre a solução a adotar no Ramal da Alfândega, que estava previsto para dezembro: “Iniciámos um estudo, com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), da procura potencial por transporte coletivo. Porque nos parece que é mais útil, quando fizermos as sessões públicas – a discussão pública já começou, mas de uma forma mais inorgânica –robustecer essas sessões com dados, com estudos concretos. É este compasso de espera, que efetivamente não estava previsto, que levou a que o debate público organizado pela Câmara do Porto se atrasasse”.

“Este estudo de procura potencial está a ser feito pela FEUP e a encomenda é que fique pronto neste mês de janeiro. Eu diria que, algures entre o final deste mês e o mês de fevereiro, estaremos em condições para ter uma discussão porventura mais robusta do que aquela que poderíamos levar a cabo agora”, sintetizou Pedro Baganha.

O estudo está a ser conduzido pelo professor Paulo Pinho, “que fez também os estudos relativamente à procura das novas linhas da Metro do Porto”, sublinhou Rui Moreira, acrescentando: “Pareceu-nos ser essa equipa que deve fazer esse estudo, porque também conhece os estudos de procura relativamente às novas linhas de metro, que são naturalmente relevantes”.

Em todo o caso, ressalvou ainda o vereador do Urbanismo, este atraso nas sessões públicas “não é um atraso na discussão da matéria, não é um atraso na construção de um pensamento sobre a questão, e também não é um atraso relativamente às obras em concreto que têm de ser feitas no canal”. Isto porque, como já referido em reunião de Câmara anterior, a intervenção a realizar é “de maior monta do que aquelas que inicialmente propúnhamos, porque verificámos, quando desmatámos aquele território, que há perigo de desprendimento de rochas, o que recomenda uma intervenção física mais cuidada”, assinalou.

“Parece-me absolutamente adequada esta posição de enriquecer o debate público com informação técnica de suporte que depois permitirá às pessoas terem uma participação mais qualificada”, confessou Manuel Pizarro, congratulando-se com a “informação muito útil” que resultou do debate.