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Município do Porto lança projeto alimentar “Good Food HUBs”

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Sob o lema “Muda a tua alimentação. Transforma o mundo” foi apresentado, na quinta-feira, no auditório da UPTEC - Parque da Ciência e da Tecnologia da Universidade do Porto, o projeto “Good Food HUBs”. Esta iniciativa tem como objetivo tornar mais sustentável, saudável, justo e próximo o sistema de alimentação da cidade, começando, numa zona piloto, na Asprela.

O Good Food HUBs é promovido pelo Município do Porto e reúne sete instituições (Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto-FEUP, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Universidade Portucalense, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto-FADEUP, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto-FPCEUP e UPTEC), que asseguram espaços temporários (HUB) para esta interação, com uma frequência quinzenal. Está também a ser desenvolvida uma aplicação Good Food HUBs para facilitar a gestão de encomendas e a comunicação entre consumidores e produtores/distribuidores. Para isso basta aceder à plataforma e deixar o contacto.

A sessão de lançamento do projeto contou com a participação do vice-presidente e vereador do Ambiente e Transição Climática, Filipe Araújo, reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira, presidente da UPTEC e vice-reitora, Joana Resende, diretor da FEUP, João Falcão e Cunha, diretora da FPCEUP, Luísa Faria, presidente do ISEP, Maria João Viamonte, presidente do Conselho de Administração da Universidade Portucalense, Armando Jorge Carvalho, e representantes das instituições parceiras. No final da cerimónia, todos os participantes foram convidados a visitar o Mercado Good Food HUBs, à saída do auditório da UPTEC, onde podiam adquirir produtos certificados biológicos.

Filipe Araújo reforçou o foco da cidade no sistema alimentar, relembrando o trabalho que tem sido feito neste âmbito, nos últimos anos, pelo Município: em 2017, um Roadmap para a Economia Circular 2030, com objetivo identificar oportunidades e linhas orientadoras, construir uma visão de longo prazo, dando suporte a um programa de ações concretas , de forma a transformar o Porto numa cidade circular em 2030. Colabora também, desde 2018, com a Fundação Ellen MacArthur em várias iniciativas de circularidade, com destaque para o sistema alimentar, com a promoção do autoconsumo de alimentos, através da disponibilização de quatro hectares de hortas na cidade, e o consumo local em feiras e mercados de produtores.

O Município trabalha, igualmente, na redução do desperdício alimentar – por exemplo, através dos projetos “Embrulha”, “Dose Certa” ou ainda o “FoodLoops”, financiado pelo programa H2020 e que permite mapear os fluxos dos alimentos (onde são produzidos, como são distribuídos, onde e como são vendidos e consumidos, onde são desperdiçados), assim como um concurso de ideias, que visa premiar e fazer mentoria a jovens empreendedores que tragam projetos disruptivos que apliquem os princípios circulares no sistema alimentar.

A recolha de resíduos orgânicos porta-a-porta em grandes produtores e algumas residências já está consolidada, mas, em breve, mais portuenses poderão facilmente separar os seus resíduos orgânicos.

Asprela escolhida como zona piloto

“Finalmente surgiu a oportunidade de criar o ‘Good Food Hubs’, integrado no macro-projeto Asprela+Sustentável, financiado pelos EEA Grants com a intenção de criar um laboratório vivo nesta zona, considerada o quilómetro quadrado mais rico de conhecimento e inovação da Europa”, sublinhou o vice-presidente.

“Reconhecendo as especificidades e potencialidades deste território encontramos na Asprela as condições ideais para testar uma rede piloto onde a transformação para um sistema alimentar mais saudável, sustentável e local no Porto pode ter lugar, tanto ao nível dos microconsumidores como nós, como ao nível dos macroconsumidores como as cantinas”, acrescentou Filipe Araújo.

O projeto pretende aproximar os consumidores dos produtores e distribuidores que tenham certificação do modo biológico: neste novo programa, a distribuição ou venda dos produtos biológicos vai ser feita junto a instituições da cidade, na zona da Asprela (local trabalho, residência ou estudo), onde, diariamente, circulam cerca de 60 mil pessoas e que conta com mais de 30 mil residentes.

Este projeto torna mais fácil o acesso a alimentos frescos, de qualidade, saudáveis, de proximidade e a preços justos e, ao mesmo tempo, incentiva a práticas agrícolas sustentáveis, de modo a proteger os solos, aumentar a biodiversidade e contribuir para a descarbonização da sociedade. O Good Food HUBs pretende transformar a Asprela num sistema alimentar saudável, sustentável, local e sem desperdício.

O projeto está também associado ao programa financiado pelo EEA Grants, Asprela + Sustentável, cujo trabalho passa por áreas como a economia circular, a eficiência energética ou a gestão de resíduos. O objetivo é ainda criar um laboratório vivo de descarbonização naquela zona da cidade. O Município é assim responsável pela implementação de circuitos curtos agroalimentares na zona da Asprela, através de diversos pontos de entrega/venda de produtos entre produtores e consumidores (HUBs). Para além disso, irá ser criado uma dinâmica constante de eventos associados ao Good Food HUBs, em parceria com as instituições e organizações da Asprela, dinamização de workshops, palestras, conferências e outros eventos, assim como introduzir critérios de sustentabilidade nas cantinas universitárias daquela zona e potenciar o apoio de projetos de investigação associados ao sistema alimentar.