Cultura

Município do Porto lamenta a morte de Eduardo Lourenço, um “homem luminoso, alquimista da palavra”

  • Notícia

    Notícia

A Câmara do Porto lamenta o desaparecimento, aos 97 anos, de Eduardo Lourenço. O professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, foi escolhido em 2019 como o autor homenageado da edição desse ano da Feira do Livro do Porto.

Nascido em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, Eduardo Lourenço foi um dos mais proeminentes pensadores da cultura portuguesa.

Foi galardoado com o Prémio Camões (1996), o Prémio Virgílio Ferreira (2001) e o Prémio Pessoa (2011) e recebeu as mais altas distinções: era Grande Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, de que também possuía a Grã-Cruz, assim como da Ordem do Infante D. Henrique e da Ordem da Liberdade. Era também Oficial da Ordem Nacional do Mérito, Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras e da Legião de Honra de França.

Em 2019, Eduardo Lourenço foi o autor homenageado na Feira do Livro do Porto, tendo-lhe sido atribuída uma tília de homenagem na Avenida das Tílias, nos Jardins do Palácio de Cristal. “Com a saudade não recuperamos apenas o passado como paraíso; inventamo-lo”, pode ler-se na placa que consagra a tília ao pensador.

Numa cerimónia em que Eduardo Lourenço esteve ausente, por questões de saúde agravadas pela idade, e se fez representar pelo irmão, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, referiu-se ao filósofo e ensaísta como “um dos maiores intelectuais portugueses do século XX”.

“As palavras florescem na pena de Eduardo Lourenço como flores aromáticas, eivadas de lucidez e, tantas vezes, de um otimismo encorajador”, acrescentou na ocasião Rui Moreira, descrevendo um “homem luminoso, alquimista da palavra, ‘indisciplinador’”.

Na sua tradicional visita à Feira do Livro do Porto, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacaria a homenagem a “um grande, grande português”.

Apesar de ter nascido no distrito da Guarda, Eduardo Lourenço desenvolveu desde muito cedo uma ligação ao Porto, onde passou os primeiros anos de vida. Diria, numa entrevista a Anabela Mota Ribeiro, que as suas memórias mais antigas são precisamente da cidade do Porto, onde viveu tempos da infância que o marcaram de forma indelével: “As primeiras imagens que tenho da vida são do nevoeiro, das fábricas, do nevoeiro que atiravam as chaminés”.

Quarta-feira, dia 2 de dezembro, será cumprido um dia de luto nacional pelo falecimento de Eduardo Lourenço, anunciou o primeiro-ministro, António Costa.