Sociedade

Câmara do Porto e Centro de Estudos Amarantinos lembram vida e obra de António Cândido

  • Paulo Alexandre Neves

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O átrio da Câmara Municipal do Porto recebeu, esta quinta-feira, a apresentação do livro "Discursos Intemporais", integrado na evocação do centenário da morte do conselheiro António Cândido. O livro é uma colaboração do Município do Porto e do Centro de Estudos Amarantinos.

A cerimónia contou com a presença do presidente da Câmara, que lembrou "a mundividência liberal, a identidade burguesa e o caráter laborioso da cidade do Porto e o pensamento progressista de António Cândido". "Trabalho e liberdade, dois valores que continuamos hoje a identificar no Porto e que estão presentes na matriz de pensamento de António Cândido. Mas podíamos referir ainda o seu pioneirismo na defesa da descentralização administrativa do país, tema que, como sabem, é particularmente caro à cidade", acrescentou.

Rui Moreira recordou que na transição para o século XX, "o Porto era uma cidade efervescente quer enquanto centro de combate político, quer enquanto centro de criação literária, produção intelectual e vida cultural".

Perpetuar a obra do político

Por isso, e para o autarca portuense, "importa dar a conhecer o pensamento de António Cândido aos nossos contemporâneos, em particular às novas gerações. Devemos honrar a memória de António Cândido e ajudar a perpetuar o seu exemplo de vida, os seus princípios ético-políticos e a grandeza da sua obra".

"Os princípios democráticos do sufrágio universal, da representação proporcional e do pluralismo político, que António Cândido conceptualizou na sua obra, continuam bastante atuais e devem ser acautelados", sublinhou.

Rui Moreira acrescentou: "A democracia é um processo contínuo e que nunca, nunca pode ser considerado irreversível. Há que perseverar na defesa dos princípios democráticos, sem deixar de aperfeiçoar a 'pior forma de governo à exceção de todas as outras'. Para isso, convém conhecer as ideias e os conceitos democráticos que foram teorizados por intelectuais de referência, como António Cândido".

"Era um grande democrata"

O presidente do Conselho Económico e Social (CES), que confessou não ser "historiador, nem especialista desta época [finais do século XIX e princípios do século XX]" apresentou o livro, destacando que "a obra de António Cândido não é extensa, mas densa". "Ele estava a par das grandes questões do seu tempo", reconheceu Francisco Assis.

"[António Cândido] Era um grande democrata porque tinha uma profunda preocupação com o povo", afirmou, acrescentando estar convencido que o autor "não foi feliz na política. Não era sectário porque tinha uma espírito aberto".

Usou também da palavra o presidente do Centro de Estudos Amarantinos, Pedro Barros Pereira, para sublinhar que “a melhor homenagem que se pode fazer a António Cândido [nascido no concelho de Amarante] é disponibilizar a sua obra para ser lida por todos".

Académico, político e magistrado de finais do século XIX, António Cândido notabilizou-se pelos dotes de oratória. Cinco dos seus discursos integram o livro agora apresentado, respeitando a sua ortografia original.