Economia

Município apresenta observatório exaustivo do comércio portuense

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Os cerca de sete mil estabelecimentos de comércio de rua em atividade no Porto empregam mais de 13 mil pessoas. De acordo com o Observatório do Comércio, desenvolvido pela Porto Business School e apresentado esta segunda-feira em reunião de Executivo, a maior parte da atividade é dedicada à restauração e concentra-se nas freguesias do Centro Histórico.

Com uma taxa de resposta de 85% - que representa 6.690 estabelecimentos –, o coordenador científico do projeto, Pedro Quelhas Brito, assegura que “nunca houve um trabalho tão exaustivo no país”.

O estudo revela que é o Centro Histórico do Porto que concentra a maior fatia do comércio de rua – 3.093 espaços estudados -, seguido da freguesia de Paranhos, com 803, e Bonfim, com 676 estabelecimentos. Lordelo do Ouro e Massarelos aparece como o quarto território com mais comércio de rua (599), em Ramalde responderam 542, 519 em Campanhã, e os restantes 458 têm atividade em Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.

Sendo que 190 estabelecimentos terão fechado portas em consequência da pandemia, o Observatório sublinha que existem na cidade cerca de três mil espaços com potencial para investimento em retalho.

No que diz respeito à área de negócio, domina o setor da restauração (18,6%), seguido dos cabeleireiros e similares (11,8%), pastelarias (10.4%) e lojas de vestuário (10.2%).

Analisada a longevidade dos espaços, percebe-se que a maior parte está em atividade entre 30 a 49 anos (18,1%), seguida dos que têm as portas abertas entre um a quatro anos (16,7%) e dos mais antigos, que mantêm atividade entre 50 a 99 anos (16,2%). Os estabelecimentos abertos há menos de um ano na cidade representam 2,8% do total.

Dos mais de 12 mil trabalhadores considerados, quase 90% são portugueses e ¼ têm entre os 40 e os 49 anos. Apenas 6,4% estão no escalão mais jovem – entre os 18 e os 24 anos de idade. Relativamente ao nível de escolaridade, 40,8% dos participantes no estudo têm o ensino secundário, 19,9% completaram o 9.º ano e 18,2% possuem uma licenciatura.

Entre os principais desafios que encontram atualmente na sua atividade, 48,1% refere a quebra na procura, enquanto para 15,7% apontam também questões relacionadas com o urbanismo, como estacionamento, visibilidade ou acesso ao espaço, ou mesmo a falta de moradores na zona onde estão estabelecidos.

Para cerca de 35,9% dos estabelecimentos de comércio de rua, foram as várias iniciativas do Município - formação consultoria, estacionamento, isenções, programam de apoio a atividade comercial, campanhas de Natal, as iniciativas ReinventaPorto, Shop in Porto ou Porto de Tradição – que mais apoio lhes deu.

Em jeito de reflexão, Pedro Quelhas Brito sublinhou como “a função socioeconómica dos nossos comerciantes é de facilitarem a comunicação entre os muitos produtores, muitos deles pequenos, e os consumidores”, além de serem, eles próprios, consumidores de serviços, dos transportes e arrendatários.

O coordenador do Observatório do Comércio lembrou, também, como “muitas vezes, a preservação dos edifícios só é feita porque há lá uma atividade”. E acrescentou a “importância da vertente humanizante” do comércio de rua, algo que, considera, “está no caráter da cidade”.