Ambiente

Município acompanha e controla de perto as colónias de gatos da cidade

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No Porto há 25 colónias de gatos legalizadas. São acompanhadas por associações zoófilas da cidade, com as quais o Município estabeleceu protocolos para a aplicação do programa CED (Captura-Esterilização-Devolução), que já beneficiou 186 animais. Numa altura em que o projeto se prepara para crescer, o "Porto." foi em busca de alguns destes grupos, muitas vezes impercetíveis ao olhar de quem passa. 

É na zona do Bonfim que cerca de 13 gatos fazem da Rua dos Manjericos o seu lar permanente. Integrados nas colónias atualmente legalizadas na cidade, estes felinos contam com o apoio imprescindível de Maria Emília Coutinho.

Residente na mesma rua, quando tomou conhecimento da existência do projeto pôs "mãos à obra" e abraçou o desafio de se tornar cuidadora dos gatos assilvestrados que habitam as redondezas, através da Associação Animais de Rua. Diariamente, Maria Emília é a responsável por alimentar e também mimar o grupo, que até batizou com nomes, porque já os considera família: "Eles fazem parte de mim", assinala a moradora, referindo que os felinos desprotegidos a sensibilizam mais.

"Os animais, ao contrário dos humanos, não conseguem dar voz ao sofrimento. Alguém tem de ajudá-los a sentirem-se felizes e livres; e eles são felizes, eles conhecem-me perfeitamente", assegura.

Criado no início do ano de 2019, o programa levado a cabo pelo Município do Porto, em estreita colaboração com duas associações zoófilas locais - a Associação Animais de Rua e a Associação Miacis, tem como propósito controlar e reduzir os focos de insalubridade do concelho, garantindo um maior controlo sanitário destas populações na cidade e contribuir para um maior sentimento de segurança pública.

Graças a esta medida, já foi possível esterilizar, identificar eletronicamente e vacinar 186 animais, num universo de cerca de 310 gatos assilvestrados.

Túlia Aires, médica veterinária do novo Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) da cidade, explica o processo:

"O que se faz é capturar os animais na via pública com um conjunto de armadilhas, pegar neles, esterilizá-los, identificá-los, neste caso com o corte da orelha esquerda e com o microchip, e depois quando estiver tudo cicatrizado os animais são devolvidos ao sítio onde foram recolhidos".

Segundo a médica veterinária, esta medida tem sido uma mais-valia, dado que "os animais quando não estão esterilizados têm a parte hormonal toda em funcionamento, portanto envolvem-se em lutas, ferem-se bastante. Estando castrados, obviamente que reduzimos quer esse comportamento mais agressivo quer a propagação de doenças entre eles, muitas delas que se transmitem pelas feridas, pelas arranhadelas", tornando possível "ter animais mais saudáveis em populações mais controladas", observa. 

Atualmente, nas colónias que já estão esterilizadas e controladas "já não há reproduções", o que tem permitido, de acordo com a médica veterinária do CROA, "ter colónias estáveis há algum tempo, inclusive colónias em que os animais vão ficando velhinhos" e, pela lei natural da vida, "o número de efetivos" vai-se reduzindo, acrescenta.

No entanto, frisa a responsável, o sucesso do programa deve-se em muito ao trabalho "no terreno" conduzido pelas associações locais e pelos cuidadores, responsáveis por monitorizar permanentemente o estado de saúde e número de indivíduos da colónia, angariar alimentos, disciplinar com horários de alimentação e certificar o estado de limpeza da zona onde se encontra implementada a colónia.

"Nós, felizmente, no Porto temos uma rede de cuidadores muito dedicada aos animais, portanto conseguimos ver colónias de animais bastante bem, saudáveis, o que é ótimo", atesta Túlia Aires.

Proposta vai a votos na próxima reunião de Executivo

Na próxima segunda-feira, vai ser votada em reunião de Executivo Municipal a proposta de atribuição de apoio financeiro a quatro associações zoófilas, no âmbito do programa CED (Captura - Esterilização - Devolução), assinada pelo vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, responsável pelo Pelouro do Ambiente e Inovação.

Trata-se de duplicar a intervenção no terreno, alargando o apoio atribuído no primeiro ano do programa à Associação Animais de Rua e à Associação Miacis, também agora à Associação Midas e Associação Causas de Caudas.
A Câmara reconhece que este tem sido um método eficaz na gestão da população de gatos errantes, que tem contribuído para a redução dos diversos problemas associados à reprodução, ao ruído e aos odores e focos de insalubridade. 

Os novos protocolos entre o Município do Porto e as referidas associações visam um propósito claro: continuar a controlar e a reduzir o número de gatos nas ruas, mantendo os alojamentos/abrigos e comedouros limpos e higienizados, livres de resíduos ou restos de comida, evitando assim a proliferação de pragas e garantindo a segurança e bem-estar destes animais.

O apoio global, no montante máximo de 30 mil euros, assegura a exigência de recursos no terreno, dada a necessidade de mediação de um vasto número de cuidadores, que garantam o devido cumprimento de todas as medidas.