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Moreira diz que o "imposto Mortágua" é uma sobretaxa do IMI que o governo não acordou com os municípios

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O presidente da Câmara do Porto escreveu hoje, na sua crónica semanal num jornal diário, que o "imposto Mortágua" configura uma sobretaxa ao IMI, cuja receita reverte para os municípios. Diz que as autarquias não foram nem têm sido ouvidas e defende que devem ser os municípios a aplicar discriminações positivas e negativas à tributação imobiliária. 


Rui Moreira não toma posição sobre o interesse do
imposto, lembrando que "num país onde os rendimentos do trabalho têm
sido tributados de forma tão violenta, haverá quem pense que está certo, pois a
riqueza tem de ser tributada. E haverá outros que pensam que isso é injusto,
porque ela resulta de rendimentos já tributados", mas surpreende-se que o
anúncio de novos impostos seja feito "por quem não tem a responsabilidade de
governar" e recorda as palavras de Mário Soares em novembro de 1975: "A extrema-esquerda
entrou para o Governo com reservas. Com um pé no Governo e todo o resto do
corpo e o outro pé fora do Governo (...). É evidente que uma tal situação é
intolerável. Temos que encontrar outra solução. Porque, para além do interesse
partidário, existe, acima dele, o interesse da nação.", disse então o primeiro-ministro
durante um debate com Álvaro Cunhal.

O presidente da Câmara do Porto levanta, contudo,
uma questão que até agora não tinha sido abordada, assinalando que este "saque
Mortágua", como lhe chama, "mais não é que uma sobretaxa sobre o IMI. Ora o
Imposto Municipal sobre os Imóveis é a principal fonte dos orçamentos
autárquicos. Um imposto cuja receita deveria ter aumentado mas que, afinal,
diminuiu com as novas regras, e por erro de cálculo do Ministério das Finanças
e dos seus abastados e pouco competentes consultores. A verdade é que, mesmo
sendo uma receita municipal, já se percebeu que o Governo não irá flexibilizar
a aplicação do IMI, não pretende dar às autarquias autonomia nessa matéria, nem
informá-las sobre a origem e composição da coleta que recebem, inibindo-as de
utilizar este imposto como instrumento da sua política económica. E, agora,
também não pretende entregar às autarquias esta sobretaxa sobre um imposto
municipal, já que a receita servirá apenas para engordar o depenado Orçamento
do Estado."

A concluir, Rui Moreira escreve: "Este pseudo-imposto
Mortágua é, portanto, um saque. Um saque aos contribuintes, mas também aos
municípios, que deveriam ter a possibilidade de definir, livremente, as taxas,
sobretaxas, discriminações e isenções de um imposto cuja receita, por
definição, é sua e deveria poder ser usada de acordo com as suas estratégias de
desenvolvimento.
"

Leia o artigo publicado no CM na íntegra