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Metrobus na Boavista segue viagem até à Rotunda da Anémona

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Com obra pronta a arrancar em junho, o futuro metrobus na Avenida da Boavista não se vai ficar, como inicialmente previsto, pela Praça do Império. Calculado para um orçamento de 45 milhões de euros, mas adjudicado por 25 milhões, o projeto de BRT (Bus Rapid Transport) vai estender-se por mais 3,95 quilómetros até à Rotunda da Anémona.

O anúncio foi feito pelo presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, esta quarta-feira, no momento de assinatura do contrato de conceção e construção da linha BRT Boavista-Império com o consórcio vencedor formado pelas empresas Alberto Couto Alves, SA e Alves Ribeiro, SA, que contou com a presença do ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.

O projeto inicial contempla 4,2 quilómetros de linha nesta espécie de autocarros articulados movidos a hidrogénio, com paragens na Casa da Música, Bom Sucesso, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João Barros e Império. Na altura do lançamento do concurso público, a Metro do Porto estimava uma procura da ordem das 11 mil validações médias diárias, com uma frequência de viagens de 10 veículos por hora em cada sentido.

No entanto, a proposta vencedora traduziu-se num excedente financeiro na casa dos 20 milhões de euros. “Perante este cenário”, explica o presidente da Metro do Porto, “e em colaboração com a Câmara do Porto e com o Ministério do Ambiente, quisemos dar um passo em frente, ser mais exigentes no sentido de aproveitar esta dotação financeira, ser mais ambiciosos naquilo que é a capacidade de transformação da cidade a partir de um elemento de transporte com uma grande capacidade”.

Assim, ainda antes do arranque das obras da linha Boavista-Império, será lançado um novo concurso para a conceção e construção da extensão da linha que seguirá até ao Castelo do Queijo e, depois, em direção à Praça Cidade do Salvador (conhecida como Rotunda da Anémona), em Matosinhos, e que incluiu a construção de uma rotunda na Avenida do Marechal Gomes da Costa.

Serão mais 3,95 quilómetros de operação e cinco novas estações (Antunes Guimarães, Garcia da Horta, Nevogilde, Castelo Queijo e Praça Cidade do Salvador), com oito veículos a circular por hora em cada sentido e cerca de mais nove mil validações médias diárias.

Financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o projeto total corresponde a 66 milhões de euros, já incluindo a aquisição de 12 veículos e um posto de abastecimento. A perspetiva é que a ligação Boavista-Império-Anémona esteja em andamento no final de 2023.

Para o presidente da Câmara do Porto, “levar esta linha até ao Castelo do Queijo e depois até à [Rotunda da] Anémona resolve os problemas de mobilidade não só da zona ocidental da cidade do Porto, mas também nos resolve o interface com Matosinhos”.

Rui Moreira sublinha que o metrobus vai “permitir servir muita população que vive nas margens da Antunes Guimarães, vai resolver o problema do Liceu Garcia de Orta, vai ajudar a servir o Parque da Cidade, a praia, e fazer a ligação a Matosinhos Sul”.

Para o autarca, é importante também que a alteração de frequência (entre a Boavista e a Praça do Império passam de 10 para seis veículos por hora), “permita que os autocarros possam viver com o trânsito automóvel, o que responde a uma das fortes preocupações da população”, que temia a existência de vias dedicadas ao BRT.

O presidente da Metro do Porto reconhece que este “é um plano muito ambicioso”, mas que, “claramente, responde àquilo que são os desafios que se colocam hoje às cidades”. “Sabemos muito bem que isto é um impulso muito grande para o processo de descarbonização”, salienta Tiago Braga, referindo que “a nossa intenção é que o posto de hidrogénio não seja apenas de abastecimento, mas de produção e que sirva também a comunidade”.

“Não se deita abaixo uma única árvore”

Para o ministro do Ambiente e Ação Climática, este é um ponto essencial, num “projeto absolutamente singular à escala europeia”. “A invasão da Ucrânia por parte da Rússia mostra bem aquilo que tem que ser a independência energética de cada país. A independência energética de Portugal não se faz com aquilo que nós não temos”, afirmou João Pedro Matos Fernandes, sublinhando que os veículos “serão movidos a hidrogénio produzido a partir de fontes renováveis” e que haverá “todo o cuidado ambiental. Na Marechal Gomes da Costa não se deita abaixo uma única árvore, toda aquela plataforma central é intocável”.

Nos escritórios da Metro do Porto, o ministro reforçou como “este é um ótimo exemplo de boa gestão”, não apenas por ter “cumprido religiosamente o prazo” do PRR, mas pela adjudicação que trouxe uma folga orçamental. “Podíamos simplesmente esfregar as mãos de contentes, mas o que fizemos foi muito mais do que isso, trabalhando de forma extraordinariamente próxima com as autarquias”, disse referindo-se à “camaradagem técnica e vontade de trabalhar em conjunto desde o primeiro momento”.

João Pedro Matos Fernandes acredita que “temos aqui um belíssimo projeto que vai requalificar o espaço público e que vai dar uma outra perspetiva a toda a zona ocidental do Porto e Matosinhos para a utilização do transporte coletivo”.

Rui Moreira assinala trabalho próximo com João Pedro Matos Fernandes

Na sessão de apresentação do novo projeto, o presidente da Câmara do Porto não deixou de fazer uma referência a João Pedro Matos Fernandes que, no final de março, cessa funções como ministro.

“Durante seis anos, a nossa colaboração foi extraordinária. Aliás, este projeto deve muito ao senhor ministro e é nestas alturas que devemos agradecer”, disse Rui Moreira, acrescentando que “é muito importante para a cidade do Porto que haja ministros do Porto e o engenheiro João Pedro Matos Fernandes, sendo ministro de Portugal, não se esqueceu das suas raízes e das suas ligações”.

Em resposta, o ministro assumiu que “foi desta terra que eu parti para ser ministro, é a esta terra que eu voltarei deixando de o ser”. E acrescentou a certeza de que “tudo o que se faz no Ambiente tem sempre uma relação fortíssima com o território (…) e, se muito fizemos, só o fizemos porque as autarquias o quiseram fazer connosco”.