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Método potencialmente útil no tratamento do cancro desenvolvido na U.Porto

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Filipa Brito

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) desenvolveram um método que permite medir impulsos laser e que pode ser útil no tratamento do cancro.

O estudo, publicado na revista Optica, da The Optical Society, tem por base um método que mede os impulsos produzidos pelos "lasers mais avançados da atualidade", segundo Hélder Crespo, investigador da FCUP e primeiro autor do artigo, citado pela agência Lusa.

Para o investigador, esta nova técnica de medição permite avaliar os impulsos lasers "onde ocorrem processos extremos muito importantes", como as reações nucleares produzidas diretamente pela luz, funcionando como "uma espécie de lupa", que nos permite "tocar no fogo sem nos queimarmos".

Este novo método possibilita também "conhecer e otimizar os impulsos direta e indiretamente e exatamente na zona onde estão a incidir", acrescenta ainda Hélder Crespo.

Segundo a FCUP, este procedimento pode ser útil no tratamento do cancro, uma vez que estes lasers "ultra intensos" são capazes de "acelerar protões e de produzir isótopos radioativos", que são geralmente aplicados em terapias de combate à doença.

"Com esta nova técnica será possível tirar o melhor proveito destes lasers que têm múltiplas aplicações em áreas que vão desde a biologia à química, podendo até mesmo, no caso particular do cancro, vir a revolucionar o tratamento desta doença", assegura a instituição.

Designada THIS d-scan, esta técnica permitirá "validar teorias muito recentes sobre a interação laser-matéria", trazendo assim "muitas vantagens" quando comparada às técnicas tradicionais que "apenas conseguem medir uma réplica atenuada do impulso principal numa zona que não a da amostra, o que introduz erros e não permite capturar todos os efeitos físicos necessários", acrescenta ainda o investigador, também fundador da spin-off Sphere Ultrafast Photonics da FCUP.

Os investigadores vão agora usar alguns dos sistemas laser mais intensos do mundo para mostrar a "versatilidade e capacidade" deste novo método, nomeadamente, a sua capacidade para detetar e medir as alterações que o impulso sofre no próprio alvo durante o processo de interação da luz com a matéria.

Além de investigadores da FCUP, o estudo contou ainda com a participação de especialistas do Instituto de Física dos Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Universidade do Porto, do Max-Born Institute, na Alemanha, e do Imperial College London, no Reino Unido.