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Mercado do Bolhão inspira chefs nacionais e internacionais a celebrar a gastronomia portuguesa

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O Mercado do Bolhão recebe hoje e amanhã, a segunda edição da Melting Gastronomy Summit. O objetivo é celebrar a gastronomia portuguesa, sob a temática da Terra e do Mar e, para isso, 12 chefs nacionais e internacionais vão cozinhar sopas, azeites, arrozes, e pratos de porco e de peixe. A anteceder a abertura e programação geral do evento decorreu ontem, no Restaurante Oficina, um jantar – “Ideias à Prova” –, preparado pelo chef Marco Gomes e que contou com a presença do presidente da Câmara do Porto.

“A maneira de ser, pensar e agir dos portuenses deve muito aos rituais e prazeres da mesa. O carácter muito próprio desta cidade foi historicamente construído sobre uma forte cultura gastronómica e enraizadas dietas alimentares”, afirmou Rui Moreira, lembrando, por exemplo, “como as tripas são um fator identitário da cidade e dos portuenses, que ganharam inclusivamente o epíteto de ‘tripeiros’”.

“E ser ‘tripeiro’ é ter a abnegação e inventividade para transformar num prato popular as vísceras que sobravam do abastecimento às caravelas, nos séculos XV e XVI. As tripas à moda do Porto representam a tenacidade de um povo que, perante uma adversidade, encontrou uma solução engenhosa…. e muito saborosa”, acrescentou.

A Melting Gastronomy Summit, que “encaixa na mundividência do Porto”, segundo Rui Moreira, integra, nesta edição, o primeiro congresso internacional de gastronomia do país, a realizar no Mercado Bolhão. “Trata-se de um evento que prestigia a cidade e contribui para a sua afirmação cultural, que tem na gastronomia um dos seus principais bastiões”, sublinhou o autarca, sem esquecer que “ela [a gastronomia] deve ser pensada e promovida enquanto fator de desenvolvimento económico”.

“E, também nesta perspetiva, o congresso que hoje se inicia é importante para a cidade. O Porto é visto cada vez mais como um destino gastronómico para os turistas”, frisou, recordando, neste âmbito, as recentes atribuições de estrelas Michelin a dois restaurantes portuenses: Euskalduna Studio (Bonfim), do chef Vasco Coelho Santos, e o Le Monument, inserido no hotel Le Monument Palace, no centro da cidade, do chef francês Julien Montbabut.

Proximidade como tema central

A edição deste ano da Melting Gastronomy Summit tem como tema central a proximidade. “Uma cidade de proximidade é aquela que garante, num curto perímetro, os serviços essenciais aos seus habitantes, incluindo o comércio de bens alimentares”, garantiu o presidente da autarquia, recordando o investimento municipal, por exemplo, no projeto Horta à Porta (parceria com a LIPOR), o Fundo Municipal de Apoio ao Programa “Porto de Tradição” e a reabilitação do Bolhão.

“O Mercado do Bolhão consubstancia na plenitude o conceito de proximidade aplicado à alimentação e gastronomia. O mercado é, em larga medida, dinamizado pelos circuitos curtos de bens alimentares, que são responsáveis por grande parte da oferta nas bancas do Bolhão”, concluiu Rui Moreira.

A Melting Melting Gastronomy Summit terá um programa diversificado, com “Table Talks”, provas comentadas em simultâneo com conversas e sessões de cozinha ao vivo, “duetos inéditos” entre os chefs nacionais Nuno Castro, do Fava Tonka, Renato Cunha, do Ferrugem, André Magalhães, da Taberna da Rua das Flores, João Valente, d’O Batareo, e Vasco Coelho Santos, do Eskalduna, o produtor de suínos Francisco Alves, o jornalista Edgardo Pacheco, a oleóloga Ana Carrilho.

Nas palavras da Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade (AGAVI), organizadora do evento, “a cimeira desafia os apaixonados pela gastronomia, pela matéria-prima e pelo produto nacional a pensarem e valorizarem as descobertas e desafios do setor”.

“O objetivo é que Portugal tenha um palco, com projeção nacional e internacional, para destacar este setor tão relevante para o turismo e com tanto impacto a nível económico”, acrescenta o presidente, António de Souza-Cardoso.