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Mapa mental orienta programação da Galeria Municipal até à primavera de 2024

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É através da partilha de um mapa mental, com origem nos conceitos reais e nos objetos criados pela inteligência artificial, que a Galeria Municipal do Porto (GMP) pretende orientar a oferta artística que se estende até à primavera de 2024. Centrada em dois eixos, a programação foi revelada na manhã desta terça-feira, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, e a primeira exposição inaugura já este sábado.

“Para esta nova fase, decidimos que a questão da orientação, a consciência das constantes escolhas e rumos tomados pela instituição, era tão central que deveria ditar a forma como as nossas atividades e a programação iriam ser partilhadas”, explicou a diretora artística da GMP, abrindo o “mapa mental” que irá orientar quem visitar o espaço ao longo dos próximos 12 meses.

Para Filipa Ramos, “a orientação institucional torna-se, também, uma questão de ocupação, de como habitamos os espaços, bem como quem e como os habitamos”. Neste caminho, são introduzidos “palavras-chave e figuras que guiam a programação”, as primeiras como pistas e as últimas um resultado da Inteligência Artificial.

O mapa da programação da GMP, neste novo ciclo, assenta em dois eixos. O primeiro, partilha a diretora, “tem como missão investigar, articular e expor, através da arte contemporânea, a profunda relação que existe no Porto entre cidade e ambiente natural, contexto urbano e rural, ecologia e criatividade”.

“Desejos Compulsivos: a extração do Lítio e as Montanhas Rebeldes”, a abrir a temporada na Galeria Municipal, é uma exposição que aborda “a problemática existente entre extrativismo e exaustão, produtividade e burnout”. A fechar este primeiro eixo orientador, no final do ano o Porto recebe “Norte Silvestre e Agreste”, que analisa “os imaginários rurais e mitológicos criados por jovens artistas entre o Norte de Portugal e a Galiza”.

Prémio Paulo Cunha e Silva leva artistas aos Açores, Escócia e Brasil

O objetivo do segundo eixo é, afirma Filipa Ramos, “revelar a forma como a vida artística do Porto existe em diálogo e permuta com um contexto internacional vibrante e atualizado, concretizando a sua vocação e aspiração cosmopolita, através de iniciativas de ponte como exposições, residências, festivais, apoios à internacionalização”.

Aqui entra a exposição “Dueto”, que realiza o sonho da artista portuense Maria Paz de trabalhar com a norte-americana Joan Jonas, mas também o Prémio Paulo Cunha e Silva, que dará a oportunidade a três jovens artistas de estar numa residência nos Açores, na Escócia ou em S. Paulo, “levando a reputação do Prémio e do apoio da cidade às artes para fora de portas”, acrescenta a diretora artística da GMP. A exposição do Prémio Paulo Cunha e Silva, que “reconhece o talento dos jovens artistas”, será “a grande exposição de verão da Galeria”.

Com curadoria da Lovers & Lollypops, a Galeria oferece, ainda, o projeto “Música entre Espécies Companheiras”, uma série de concertos concebidos e realizados “para e com cães e seus companheiros humanos”, atentos às sensibilidades auditivas dos animais e a ter lugar em diferentes jardins da cidade.

Produzir encantamento, proximidade e conhecimento

Ao lado da diretora da Galeria Municipal, o presidente da Câmara do Porto considera este como “um projeto extremamente desafiante” e com uma programação que “produz o que pretendemos: o encantamento, a proximidade e um conhecimento melhor daquilo que nós somos, daquilo que a cidade é, sempre em ligação com aquilo que nos chega e que nos desafia”.

Rui Moreira lembrou como “a necessidade sempre presente de fazer obras” naquele espaço condicionou o ciclo anterior de programação. “Acho que decidimos bem em esperar pela abertura da extensão da Galeria no Matadouro para poder encerrar este espaço”. “Seria impensável interromper o projeto”, afirmou o presidente, assumindo a “angústia, aflições e incerteza” que a situação criou.