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Mais três estabelecimentos comerciais recebem a placa "Porto de Tradição"

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Reconhecendo a importância de salvaguardar o comércio local e tradicional, a Câmara do Porto lançou, em 2018, o programa "Porto de Tradição", que visa salvaguardar o valor patrimonial, cultural e afetivo das suas lojas históricas, ao mesmo tempo que promove a revitalização das atividades económicas e preserva a sua função social. Já 106 e mais quatro instituições que aderiram a esta iniciativa. Esta segunda-feira, mais três estabelecimentos comerciais receberam as placas identificativas do programa.

O vereador da Economia e das Atividades Económicas, Ricardo Valente, entregou aos proprietários do Café Velasquez, Restaurante Peza Arroz e Restaurante A Regaleira as placas “Porto de Tradição”.

Local de convívio e tertúlias

Desde a sua fundação, em 1970, que o Café Velasquez, localizado na Praça Francisco Sá Carneiro, tornou-se um ponto de encontro e de convívio. Ao longo dos anos foram vários os sócios que por ali passaram. Reporta-se a 1990 a entrada no negócio da família Maçorano, com Adriano Alfredo Maçorano, tio dos atuais gerentes - António Manuel Maçorano Branco e Carlos Alberto Maçorano Branco -, que trabalham no café desde 1993 e 1995, respetivamente. São, atualmente, os sócios-gerentes do estabelecimento.

É provavelmente o café mais reconhecido na zona norte da cidade, sendo uma referência não só para os residentes daquela zona, mas para todos os portuenses. Ponto de encontro para as mais diversas tertúlias de variados grupos de clientes, particularmente para os adeptos de futebol pela proximidade ao antigo Estádio das Antas e ao atual Estádio de Dragão. No livro "Cafés do Porto", de César Santos Silva, é referido que "tornou-se há muito um verdadeiro 'santuário portista', principalmente nos dias de jogo no Estádio do Dragão – tradição herdada já do tempo do Estádio das Antas".

Uma alcunha com história

O Restaurante Peza Arroz está localizado num dos arcos de sustentação de um dos muros que seguem o traçado da antiga muralha medieval fernandina, conferindo-lhe um caráter verdadeiramente único. Faz parte do conjunto de restaurantes situados nos arcos da Ribeira do Porto, que são amplamente reconhecidos e muito procurados tanto por moradores locais quanto por turistas nacionais e estrangeiros.

O nome tem origem num episódio protagonizado pelo avô do atual proprietário, João Luís Domingues Gonçalves. O avô, que trabalhava como barqueiro e fragateiro no comércio de diversas especiarias e produtos, foi detido por tentativa de furto de arroz. Foi, então, obrigado a pesar a quantidade furtada e a pagar uma multa. A partir desse momento, ficou conhecido entre os mais próximos como "Peza Arroz". Como consequência desse incidente, a família passou a ser identificada por essa alcunha.

O estabelecimento foi fundado em 1944 como uma casa de pasto por um tio do atual proprietário, inicialmente com o nome "Casa de Melgaço", em homenagem à região de origem da família materna. Pouco tempo depois, a mãe assumiu a gestão do espaço e introduziu um menu centrado em pratos regionais e petiscos, dando ao estabelecimento o nome pelo qual é, ainda hoje, conhecido: "Peza Arroz".

Aqui nasceu a Francesinha

O Restaurante A Regaleira nasceu na Rua do Bonjardim, em 1934, num imóvel arrendado aos sócios, Heitor Pereira Pinto e Arnaldo Ruivo da Fonseca. Os atuais proprietários do espaço relatam que o avô, António Augusto Gomes Gonçalves Passos, comprou o restaurante nos anos seguintes, mantendo-se na mesma família até à atualidade. Passaram pela firma o seu irmão José Gomes Gonçalves Passos, o seu sogro António Abrantes Jorge e o seu filho Jorge Abrantes Passos Gonçalves. Hoje, são os seus netos, Francisco e Tiago Pais de Brito Passos Gonçalves, que dão continuidade a este legado familiar.

Foi nos anos 50 que Daniel David da Silva, um barman que António Passos conheceu num hotel em França, foi convidado para trabalhar no seu restaurante e poucos anos depois viria a tornar-se sócio da firma. Foi atrás do balcão d’ A Regaleira que Daniel Silva, inspirado na croque monsieur, criou uma pequena sanduíche, servida em pão biju, com carne assada e fumados, adicionando-lhe um secreto molho picante. Eis a origem da "Francesinha". A iguaria é, até hoje, servida n’ A Regaleira, respeitando, integralmente, a receita original. Entretanto, em 2019, devido a obras de requalificação profunda do edifício, A Regaleira encerrou, mas, como prometido, reabriu no número 83 da mesma rua, em julho de 2021.