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Lojas de tradição e modernas mostram comércio fora do sítio

  • Paulo Alexandre Neves

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Oito lojas, quatro parcerias constituídas para promover sinergias entre estabelecimentos comerciais. Ninguém se conhecia entre os seus donos, nem tão pouco as áreas de negócio de cada um. Mesmo assim, todos decidiram participar no "Comércio Fora de Sítio", programa municipal que alia, por estes dias, quatro lojas reconhecidas ao abrigo do "Porto de Tradição" a outras tantas de comércio tradicional… mais moderno.

Quem passa pela Ufalufa, no Centro Comercial Bombarda, depara-se com uma montra diferente do normal. Aos brinquedos que ali existem para venda junta-se uma máquina de fazer molduras, da Santos & Irmãos Lda, a casa mais antiga da Europa, e provavelmente de todo o mundo, no setor, instalada na Travessa das Liceiras. Nesta, a montra tem também algo de incomum (ou talvez não): uma girafa "emoldurada".

Troca, entre estabelecimentos comerciais, de produtos ou elementos do seu espólio, carregados de histórias e memórias. Este um dos princípios do projeto municipal do Departamento Municipal de Atividades Económicas: promover sinergias entre estabelecimentos comerciais, atuando como mecanismo de estímulo ao comércio local e à cooperação entre os comerciantes da cidade.

Nesta primeira edição, e para além da Ufalufa e a Santos & Irmãos, há mais outras três parcerias, sempre com o mesmo conceito básico, ou seja, antiguidade versus modernidade: Livraria Moreira da Costa e Farmácia Moreno, Casa Januário e Olá Breiner e a Alcino Silversmith since 1902 – Workshop Store com a Araucana.

"É interessante criarmos sinergias entre comerciantes"

"Achei o desafio interessante, uma vez que era uma coisa completamente diferente. Não sabia onde o meu brinquedo iria parar, mas que não iria para uma loja de brinquedos", salienta Liliana Ribeiro. Na sua loja recebeu molduras, ainda que, de antemão, não soubesse o que viria da Santos & Irmãos. Esta troca, diz a gerente da Ufalufa, permite "poder estar noutros espaços da cidade e apresentar os produtos que vendo".

"É sempre interessante criarmos estas sinergias entre comerciantes", reconhece Guilherme Monteiro, abrindo "o comércio à cidade e às pessoas, fazendo com que elas possam visitar várias lojas, que fazem parte do tecido comercial da cidade", acrescenta o responsável pela Santos & Irmãos.

Quer no estabelecimento "Porto Tradição" quer no de comércio tradicional, os clientes mostram-se agradados com a ideia. "As pessoas entram e ficam curiosas com a montra, que tem uma girafa insuflável", diz Guilherme Monteiro, que confessa: "Não conhecia a Ufalufa, mas a montra está incrível".

Liliana Monteiro também desconhecia a existência da Santos & Irmãos. "Foi uma forma de conhecer uma loja diferente", diz. "As pessoas têm muita curiosidade. Ouço-as a fazer elogios. Bem trabalhada, incluindo mais lojas, isto pode ser uma ideia bem-sucedida", garante, acrescentando: "Pode ser uma oportunidade para criar, não só, ligações com outros comerciantes, mas também trazermos mais visibilidade às nossas lojas".

"Foi importante ver este diálogo entre lojas"

A unir os dois estabelecimentos comerciais esteve o trabalho de pesquisa e imaginação da vitrinista Marta Pinheiro. Aliás, todas as parcerias neste projeto municipal têm uma responsável pelas montras. Para além de Marta Pinheiro está também envolvida Katarina Szymanska.

"Até conhecer as lojas não sabia o que estava à espera", adianta a responsável que trabalhou na parceria Ufalufa/Santos & Irmãos. "É um desafio, que nunca me tinha sido feito. Foi importante ver este diálogo entre lojas completamente diferentes", adianta Marta Pinheiro.

A vitrinista teve um duplo trabalho. Na loja de brinquedos, "a máquina de molduras do século XIX transformou-se, imediatamente, numa pista de carrinhos". Pelo contrário, "a girafa encontrou uma moldura que tem um ursinho". "Há uma continuidade de storystelling, criar uma ligação entre as duas montras", sublinha.

Marta Pinheiro reconhece que este é um conceito que a fascina. "Em todo o meu percurso de trabalho tenho vindo a explorar, a criar pontes entre o tradicional e o moderno, entre o mais antigo e o mais recente", revela.

Contemporaneidade e proximidade

Antiguidade e modernidade juntos. O projeto experimental, lançado pelo Município do Porto, deveria terminar este sábado. Foi prolongado até ao próximo dia 10 de agosto, a pedido dos comerciantes, tal o êxito da iniciativa.

"Este é um projeto piloto com vista a potenciar uma tríplice de objetivos: a promoção de sinergias entre os comerciantes da cidade, potenciar o conhecimento do comércio local e tradicional da cidade e ser uma ferramenta de criação de redes de cooperação entre os comerciantes", reconhece o vereador das Atividades Económicas.

"Esta criação de pares inusitados, entre lojas 'Porto de Tradição' e estabelecimentos de rua, é um veículo de ativação da contemporaneidade e a atratividade comercial de proximidade que tanto identifica a nossa cidade", acrescenta Ricardo Valente.

O resultado da primeira edição do "Comércio Fora do Sítio" é um roteiro de oito montras originais e contrastantes, que os visitantes podem visualizar até 10 de agosto e onde podem fazer check-in, através da leitura de um QR Code. O check-in em um ou mais pares de lojas dá direito a ofertas exclusivas, limitadas ao stock existente.

A leitura do QR Code permite aceder a informações sobre a loja, as suas histórias mais marcantes, formas de envolvimento com a comunidade e outras curiosidades. Esta informação está disponível em texto e em áudio, tendo a gravação sido apoiada pelos Estúdios Rangel, o estúdio de gravação mais antigo do Porto, reconhecidos ao abrigo do "Porto de Tradição".

Mais informações sobre o projeto no roteiro digital Comércio Fora do Sítio.