Mobilidade

Linha Rubi vai estar concluída (mesmo) em dezembro de 2026

  • Paulo Alexandre Neves

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Depois do lançamento de um concurso público internacional, em maio de 2023, foi esta terça-feira dado mais um passo para a construção da nova linha de metro (Rubi), entre a Casa da Música e Santo Ovídio, com a consignação da empreitada ao consórcio construtor. Durante a cerimónia, realizada em Vila Nova de Gaia, o presidente da Câmara do Porto realçou o "extraordinário investimento público" que permitirá "mudar completamente o perfil das ligações" entre as duas cidades e que, no caso concreto, terá de estar concluída mesmo em dezembro de 2026.

Na presença do primeiro-ministro, Rui Moreira fez inúmeros agradecimentos, começando por António Costa, que "colocou o transporte público como prioridade nacional", mas também ao ex-ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, ao secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado, e ao presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga.

Mas foi ao presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia e também presidente da Área Metropolitana que o presidente da Câmara do Porto dirigiu o principal agradecimento. "Soube arbitrar as tensões no seio da Área Metropolitana do Porto (AMP). Teve o grande mérito de convencer todos os autarcas que, apesar de haver dinheiro, tinha de fazer-se uma análise de custo-benefício", reconheceu Rui Moreira.

"[Eduardo Vítor Rodrigues] Não vai ser esquecido neste grande projeto", salientou, agradecendo também aos autarcas da AMP que concordaram com a decisão. "Estou convencido que, no futuro, as pessoas não vão esquecer que essas tensões e discussões valeram a pena e que as pessoas que levaram a cabo estas obras, com dificuldades e constrangimentos, fizeram o que os cidadãos estavam à espera", acrescentou.

Importância à sustentabilidade social

Para o autarca do Porto, "o transporte público é o futuro das nossas cidades. Se queremos a transição energética e a sustentabilidade ambiental não há como não fazer este investimento".

"Desenganem-se aqueles que acreditam que o mundo vai desenvolver modelos de sustentabilidade ambiental se não for capaz de os acompanhar também pela sustentabilidade social. O transporte público é aquilo que vai fazer com que a distância não custe tanto às pessoas que têm de se deslocar", frisou Rui Moreira.

Também o primeiro-ministro considerou que o investimento na mobilidade urbana "é absolutamente crítico", lembrando que o país tem menos de 50 anos para se preparar para cidades sem automóveis.

"Isso significa investir, cada vez mais, em modos alternativos de mobilidade e, em particular, no transporte público", garantiu António Costa, destacando, no entanto, que a transição não pode deixar ninguém para trás. "Para que isso aconteça é fundamental reduzir o custo, para que a deslocação continue a ser acessível, é por isso que o transporte público de qualidade nos permite reinventar a cidade, reinventar a deslocação nas Áreas Metropolitanas sem excluir ninguém", acrescentou.

António Costa elogia autarcas do Porto e Vila Nova de Gaia

Quanto à futura linha Rubi, o chefe do Governo agradeceu aos municípios a forma "como agarraram este desafio", que reconheceu "não ser fácil". "Obras de metropolitano são ótimas quando estão concluídas e se faz a inauguração, até ao dia da inauguração são só dores de cabeça", afirmou, destacando que a nova ponte sobre o Douro é "uma peça de engenharia extraordinária", ainda que venha a ser um "corpo estranho".

"As pontes são sempre corpos estranhos no desenho que a natureza fez", observou António Costa, agradecendo a Rui Moreira, por "aceitar o desafio de acolher este corpo estranho" na sua cidade. "Não deixará de ser um implante que se crava na carne da cidade", acrescentou.

Também o ministro do Ambiente destacou a importância desta linha "muito especial", pelas características, ligações, túneis, novas estações e ponte. "É um eixo fundamental", afirmou Duarte Cordeiro, para quem "a política de mobilidade sustentável não é um acessório nem é um capricho, é um compromisso central deste Governo e do nosso país".

"Papel decisivo" de Rui Moreira

Já o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia destacou que este projeto tem "um papel vital" na transformação do território. "A Linha Rubi é a espinha dorsal e um verdadeiro sistema de transporte público", afirmou Eduardo Vítor Rodrigues, defendendo que esta ligação será também uma "alternativa eficaz e eficiente" ao trânsito rodoviário.

Lembrou que esta linha é "uma homenagem a um setor económico marcante" para a região Norte e o país, não deixando de destacar "a seriedade do Governo" neste projeto, o "papel ímpar" do primeiro-ministro, mas também "o papel decisivo" do presidente da Câmara do Porto e da administração da Metro do Porto.

"O presidente Rui Moreira sempre assumiu uma visão integrada e estratégica do Porto. Sabe que está a transformar, definitivamente, a sua cidade e região, deixando um legado impressionante, com inconvenientes transitórios, mas decorrentes de intervenções que, um dia, deixará para a nossa história coletiva", acrescentou.

Metro admite alterações ao projeto na zona do túnel do Campo Alegre

O contrato de consignação da empreitada foi assinado com o consórcio Alberto Couto Alves, FCC Construcción e Contratas e Ventas, por mais de 379,5 milhões de euros. A linha, com 6,4 quilómetros e oito estações, inclui uma nova travessia sobre o rio Douro, através da "Ponte D. Antónia, a Ferreirinha", reservada ao metro, circulação pedonal e bicicletas. O valor global de investimento da nova linha é de 435 milhões, um investimento financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

A empreitada tem de estar concluída até ao final de 2026. É um "prazo exigente", mas o presidente do Conselho de Administração da Metro diz que "nada o leva a desconfiar" que não seja possível construir a linha, incluindo a nova ponte sobre o Douro, até ao dia 31 de dezembro de 2026. Os trabalhos arrancam ainda durante este mês.

De resto, e à margem da cerimónia, Tiago Braga admitiu alterações ao projeto na zona do túnel do Campo Alegre, depois do presidente da Câmara do Porto se ter mostrado indisponível para encerrar ao trânsito aquele eixo de ligação à cidade. "O fecho [do túnel do Campo Alegre] estava associado a uma das quatro saídas que nós temos previstas para a estação do Campo Alegre. Podemos sempre abdicar de uma das saídas, porque são saídas do lado da Faculdade de Letras que são muito próximas uma da outra. Distam apenas 80 metros", disse.

"Em Portugal há muito o vício de se entender uma crítica como uma crítica destrutiva. Não entendemos nunca dessa forma, mas sim como preocupações legítimas de quem tem, democraticamente, responsabilidades de gerir um território. Procuramos desenvolver soluções que visem compatibilizar as duas coisas", assegurou o presidente da Metro.