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Líderes de cidades do sul da Europa partilham estratégias para a resiliência social, ambiental e económica

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O presidente da Câmara do Porto participou, esta quarta-feira, na Conferência Europeia do Urban Land Institute. Em Madrid, Rui Moreira integrou o painel “Liderança das Cidades do Sul: Sol suficiente para todos”, onde partilhou a experiência e estratégia do Porto para se tornar uma cidade mais resiliente e equilibrada, dos pontos de vista social, ambiental e económico.

Depois de combater a pandemia da Covid-19 “com mais ou menos sucesso”, a cidade “enfrenta agora outros desafios”, assume o presidente da Câmara do Porto. Além da “questão climática”, Rui Moreira considera que a mobilidade e a atração que a cidade tem demonstrado merecem o foco das políticas municipais.

Relativamente à mobilidade, o autarca reforçou que esta não é uma matéria que possa ser olhada apenas do ponto de vista ambiental. “A sustentabilidade também tem que ser social”, sublinha o presidente da Câmara do Porto, referindo como a cidade tem “apostado em novos modos de transporte, autocarros elétricos e mais linhas de metro” para avançar na prossecução da neutralidade carbónica, ao mesmo tempo que vem tornando o transporte público “gratuito para os jovens” e acessível através de um passe intermodal.

Questionado sobre a aposta na descarbonização, Rui Moreira considera a intermunicipalização da STCP um ponto essencial, mas trouxe à conferência, igualmente, a redução em água desperdiçada – que deverá atingir os 10% até ao final do ano –, o aumento da reciclagem em mais de 25% e a aposta na produção de energia solar dos edifícios municipais, atraindo os privados e outras entidades públicas para essa missão.

Para Rui Moreira, o foco está, também, em “olhar para a cidade em termos de utilização do espaço público”, que deve ser “ambivalente”, no sentido em que deve servir todos: por um lado, “as pessoas que querem passear, usar os parques, estar com as crianças e andar de bicicleta” e, por outro, “as estradas onde todos os transportes possam coincidir”.

Em matéria económica, mas também demográfica, o autarca lembrou como o Porto tem “atraído muitas empresas tecnológicas que não só querem trazer as suas pessoas para a cidade como têm-se revelado motivo de atração para muito do nosso talento que tinha saído do país no final da universidade”.

O facto de a digitalização e a inteligência artificial estarem a alterar o tipo de perfis que os empregadores procuram é, também, considera Rui Moreira, um desafio na transformação da cidade, hoje alvo de “mais procura”.

Relacionado, também, com a maior procura, um outro desafio abordado pelo autarca no painel que partilhou com o antigo presidente da Câmara de Barcelona, Joan Clos, e o congénere de Málaga, Francisco de la Torre Prados, prende-se com a questão da habitação.

Considerando os recursos do Governo “escassos” nesta matéria, e tendo ainda de enfrentar “toda a burocracia europeia e os preços elevados”, Rui Moreira partilhou com a audiência do Urban Land Institute como o Porto apresenta, hoje, 13% de habitação pública municipal, “que renovámos e cuja renda média são 55 euros”.

Além disso, “regenerámos o PDM para permitir que os investidores construam, comprometendo-se a que uma parte da habitação seja disponibilizada no mercado acessível” e “estamos a ajudar famílias com subsídio à habitação”.

“Mas precisamos que invistam no Porto”, reforçou Rui Moreira, assegurando o compromisso com a transparência: “as regras são muito claras e seremos muito ágeis com as licenças necessárias se as cumprirem”.