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Leonor de Almeida: quem é a poeta homenageada pela Feira do Livro em 2020

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A edição de 2020 da Feira do Livro, que regressa aos Jardins do Palácio de Cristal de 28 de agosto a 13 de setembro, vai homenagear a poeta Leonor de Almeida, nascida no Porto em 1909. Desconhecida do grande público pela aura misteriosa que sempre cultivou, chegou a partilhar várias datas de nascimento, todas elas falsas.

Autora de quatro livros de poemas, editados entre 1947 e 1960, e todos eles esgotados, Leonor da Conceição Pinto de Almeida (1909-1983) renasce como escritora através da reunião e reedição da sua poesia completa pela editora Ponto de Fuga, das pesquisas e olhar cúmplice de Cláudia Clemente em torno da sua obra e biografia, mote para a conversa marcada para o segundo dia festival literário.

Mas antes das 18 horas de 29 de agosto, hora e dia marcados para a apresentação da edição da obra de Leonor de Almeida, no Auditório da Biblioteca Almeida Garrett (com Cláudia Clemente, Vladimiro Nunes, Nuno Faria, Ana Luísa Amaral e Ágata Pinto), o "Porto." levanta o véu sobre algumas singularidades do percurso de vida da poeta, que este ano terá o seu nome eternizado na Avenida das Tílias.

Diferentes datas apontadas para o seu nascimento, diferentes profissões indicadas pela própria e a ida para o estrangeiro contribuíram para criar o manto de mistério em torno de Leonor de Almeida que, segundo a define Natália Correia, "é a expressão poética de uma visão pan-erótica do universo".

Admitida como sócia na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP) a 27 de março de 1950, Leonor declara como profissão publicista e redatora em jornais e revistas. Nascida na freguesia de Santo Ildefonso, às 2 horas da manhã de 25 de abril de 1909, dá uma data de nascimento diferente, vindo depois a investigação confirmar que, na realidade, trabalhava como "enfermeira visitadora de higiene". Duas vezes divorciada, no final dos anos 1950 já se afirmava "escritora" e não escapou à atenção da PIDE (por se abeirar de "indivíduos desafetos ao regime", como o seu segundo marido).

Quando se torna uma das primeiras sócias da Associação Portuguesa de Escritores, Leonor dá uma nova data de nascimento, declarando-se nascida em 1919 (10 anos mais nova!) e de profissão fisioterapeuta.

Não é por isso, de admirar, que o seu nome não surja nas antologias líricas do século XX e pouco se saiba sobre a sua vida e obra. Ou - pouco se sabia - até Cláudia Clemente ter decidido investigar a fundo na sua biografia e produção escrita, deslindando os seus mistérios e controvérsias.

Fá-lo-á na abertura da Feira do Livro do Porto, sendo este o segundo momento em que Leonor de Almeida é protagonista de uma conversa que, há dois anos, motivou uma interessante sessão no ciclo municipal "Um Objeto e Seus Discursos por Semana".

Além de Leonor de Almeida, será homenageada na Feira do Livro a imunologista e também poeta Maria de Sousa, que faleceu vítima da Covid-19.

Nesta edição, o certame literário que voltou a ser organizado pela Câmara do Porto em 2014, quer assim homenagear o poder da palavra no feminino, inspirada no livro "Alegria para o fim do mundo", do livro de Andreia C. Faria, uma das escritoras residentes no evento em 2020, a par de Inês Lourenço.