Inovação

Laboratório portuense distinguido na Europa por desenvolver técnica para ajustar o medicamento a cada doente

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Miguel Nogueira

Depois de em 2020 ter sido considerada uma das 150 startups mais promissoras do mundo, a iLoF, uma spin-off da Universidade do Porto, volta a merecer destaque internacional ao integrar o lote das cinco inovações europeias no setor da saúde a seguir este ano. Quem o diz é a rede EIT Health, uma das maiores parcerias público-privadas da Europa no campo da inovação em saúde, com cerca de 150 parceiros, que já acelerou mais de 120 startups em regiões europeias emergentes.

O propósito da iLoF é criar um dispositivo que ajude a escolher os medicamentos mais indicados para cada doente. Tudo começou pelo Alzheimer. No ano passado, um dos fundadores explicava ao Expresso a necessidade que deu origem à técnica desenvolvida: “Um medicamento que funciona bem em 20% dos doentes, mas não funciona com 80%, vai acabar por ir para a prateleira, não chega a entrar no circuito comercial”.

É para que estes medicamentos possam ser receitados às pessoas que deles podem beneficiar que a equipa de Luís Valente apostou no uso de tecnologia fotónica para detetar nanoestruturas no sangue ou outras amostras biológicas, de modo a validar a eficácia do uso de determinado fármaco em cada paciente.

O procedimento dura poucos minutos e pode ser executado por enfermeiros de uma unidade clínica, recorrendo à Internet para que a análise das amostras seja efetuada, de forma anónima, pelos algoritmos criados pela iLof.

Uma poupança de 40% dos custos totais da triagem de pacientes com Alzheimer e de 70% do tempo despendido com o rastreio tornam a solução da iLoF financeiramente mais acessível e não invasiva (apenas requer uma amostra de sangue, substituindo punções lombares e tomografias computorizadas) na estratificação dos pacientes para ensaios clínicos. E, assim, a tecnologia permite acelerar o tratamento da doença.

Depois dos resultados positivos com doentes de Alzheimer, a solução da iLoF direcionou a luz para casos de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e doentes com cancro. A startup portuense acredita que as mesmas técnicas de triagem para a Alzheimer são fiáveis para um conhecimento detalhado do perfil biológico de outros doentes.

Incluindo, agora, os diagnosticados com Covid-19, permitindo perceber o efeito do vírus em cada pessoa e, assim, apurar rapidamente quais os fármacos com maior taxa de sucesso, e acelerar o desenvolvimento de terapêuticas personalizadas.

“Prever a evolução da infeção pode ser importante para decidir se uma pessoa pode ou não ser tratada em casa. O que significa que esta ferramenta pode ser útil para a gestão dos recursos de um hospital”, afirma Luís Valente.

Em 2019, o projeto iLoF já tinha dado nas vistas da EIT Health, que lhe ofereceu um prémio de dois milhões de euros através de um programa de aceleração de startups. Além deste investimento, a empresa assinou, mais tarde, nos Estados Unidos, um acordo de financiamento com o fundo M12 da Microsoft e com a venture capital (fundo de capital de investimento) Mayfield. Já estão em curso, também, acordos com três grupos farmacêuticos.