Política

Juventude deve reclamar "o justo quinhão" à sociedade portuguesa e aos partidos

  • Paulo Alexandre Neves

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Maria Teresa Santos, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa (AEFDUCP), deu o mote: "Afinal, que futuro é este que nos espera?". "Vivemos sempre com ansiedade e incerteza", garantiu o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que marcou presença, esta quinta-feira, na conferência subordinada ao tema "Que futuro esperam os jovens", organizada pela AEFDUCP e que contou com as presenças de Ana Gabriela Cabilhas, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), e do ex-vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

Mais do que debitar números, estatísticas sobre a juventude, Rui Moreira preferiu alertar os jovens universitários para "o justo quinhão" que devem reclamar à sociedade. "Se olharmos para um queijo, vocês devem reclamar o justo quinhão", garantiu, não deixando de sublinhar que todas as opções políticas – "de todos os partidos políticos, sem excluir ninguém", disse – têm sido sempre no sentido de "vos reduzir o quinhão e aumentá-lo para outros".

Neste particular, o presidente da Câmara do Porto divide a sociedade portuguesa entre os "insiders" e "outsiders", sendo que os primeiros são "aqueles que, apesar de tudo, gozam do beneplácito do regime político. Votam mais e vocês (jovens) não. É natural que, sob o ponto de vista da economia dos partidos, estes apoiem os mais velhos e reformados".

Mas também são "insiders" em Portugal, na opinião do autarca portuense, "os que estão instalados na função pública". "Votam eles e as suas famílias", acrescentou.

As reclamações da juventude "são justas"

Como "outsiders", os jovens devem encontrar formas de participação democrática. "Os recursos gerados pelo país são finitos" e "os que vamos buscar lá fora (PRR, Portugal 20-30) são alocados ao 'establishment', aos 'insiders'", frisou, pedindo aos jovens que reclamem pela parte que lhes pertence: "Só assim terão hipótese de desenvolver outras estratégias, relativamente às vossas preocupações".

"Enquanto vivermos em democracia, e espero que continuemos a viver neste regime, é justo exigir-vos que reclamem a justa representação daquilo que são os vossos interesses, objetivos, ansiedades", acrescentou Rui Moreira.

As atuais reclamações da juventude "são justas". "Se não houver quem vos represente nas atuais estruturas partidárias organizem-se", referiu, sublinhando que "o voto é a vossa arma. O resto são lamúrias". "Vocês têm capacidade de organização, de mobilização. Se olharem para o queijo têm dizer: 'independentemente do respeito pelos mais velhos, pelos que têm garantias, precisamos de um quinhão maior e temos que o reclamar'", acentuou.

"Vocês estão em quarto minguante, enquanto nós, os mais velhos, estamos em quarto crescente. Por isso, ou agarram já as rédeas disto, impõem as vossas condições, marcam o vosso território ou não esperem que os outros façam isso por vocês", concluiu Rui Moreira.

Seguiu-se um debate com a participação da presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas, e do ex-vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.