Política

Jovens apresentam Carta de Recomendações de Políticas de Juventude e Empreendedorismo

  • Porto.

  • Notícia

    Notícia

Criar, atrair e reter talento; diminuir a burocracia; aumentar a participação cívica e empresarial dos jovens; conferir literacia financeira e empreendedora nas escolas; comunicar com e para os jovens e realizar a transição geracional dos decisores. Eis as recomendações inscritas na carta que a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) enviou ao Governo e que apresentou, na manhã desta terça-feira, no Fórum Jovem Empreender Portugal.

O presidente da Câmara do Porto considera “urgente implementar, em Portugal, políticas mais ambiciosas para a juventude” e prioritária a garantia de “mais meios e oportunidades” para que os jovens “materializem o seu potencial”.

Caso contrário, alerta Rui Moreira, estarão em causa, não apenas “a realização pessoal e profissional dos nossos jovens”, mas também “a capacidade de o país beneficiar cabalmente daquela que é a geração mais preparada de sempre”.

Enaltecendo a presença da ministra-adjunta dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e do secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Correia, o presidente da Câmara do Porto reconheceu que era “reconfortante saber que o Governo está disponível para rever e discutir as suas políticas para a juventude, designadamente no que concerne à promoção do empreendedorismo jovem”.

A burocracia, a falta de financiamento, a pesada carga fiscal, os elevados custos de contexto ou a desconexão entre empresas e universidades, acredita Rui Moreira, ainda fazem de Portugal “um país com muitos obstáculos à criação de empresas”.

“A tudo isto acresce a aversão ao risco empresarial que teimosamente persiste na nossa sociedade”, sublinha o autarca, que culmina na privação do país “de capital humano com potencial para criar negócios de maior valor acrescentado, mais inovadores e com vocação global”.

Ainda que reconheça que, hoje, há “mais jovens a fundarem empresas, a partir do conhecimento adquirido no ensino superior”, e “ecossistemas de inovação cada vez mais dinâmicos e competitivos”, Rui Moreira reforça a necessidade de “termos maior capacidade para atrair talento para esses ecossistemas e, ao mesmo tempo, criar condições para que esse talento desenvolva projetos de empreendedorismo mais intensivos em conhecimento e tecnologia”.

Ao Fórum Jovem Empreender Portugal, Rui Moreira levou o exemplo do Porto, enquanto “bom exemplo de que é possível fazer mais e melhor” e promotor de um ecossistema de inovação que “conheceu um desenvolvimento notável”.

“A cidade tem vindo a atrair investimento e talento tecnológico, muito dele internacional. Além disso, foram criadas infraestruturas de excelência para a incubação, aceleração e scaleup de startups fundadas por jovens na nossa cidade”, referiu o presidente da Câmara.

Reter talento com salário, voz e vida para lá do trabalho

A ministra-adjunta dos Assuntos Parlamentares considerou esta entrega da carta da ANJE como “um momento para encurtar a distância entre a política e os jovens”. Para Ana Catarina Mendes, “a geração mais classificada não pode ser apenas aplaudida, tem que ser ajudada” para que “possamos construir um país em conjunto”.

Reconhecendo, ao longo dos anos, “uma fraca capacidade de ação coletiva”, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, sublinhou como “é a juventude que tem as ideias simples que podem transformar a economia”. Mas, para reter o talento no país, “os jovens precisam de bons salários e de projetos de futuro”.

A ministra da Coesão Social acrescentou que os jovens precisam também “de ter voz” e encontrar, nas instituições e empresas, “atividades mais complexas” e menos burocracia do Estado. Admitindo que se revê “em todas as linhas e palavras da carta”, Ana Abrunhosa lembra que “os jovens não querem ser escravos do trabalho, querem viver a vida, mas as instituições ainda não estão preparadas para isso”.