Jornal francês Le Monde traça um percurso pela “beleza melancólica” do Porto
Porto.
Notícia
Miguel Nogueira
Não têm novidade para quem já conhece, mas não deixam de surpreender quem visita pela primeira vez: os encantos do Porto foram descobertos pelo diário francês Le Monde, que dedicou uma reportagem à Invicta na qual se destacam alguns dos ícones da cidade.
“O Porto é elegante, complexo e de uma beleza melancólica”, escreve Bénédicte Boucays, aludindo à bruma do estuário e ao granito das casas. Numa reportagem publicada na edição impressa de sábado, 22 de janeiro, do diário francês Le Monde, a autora percorre a cidade, à descoberta dos segredos que ela ainda tem para contar.
Descrevendo a Invicta como “um patchwork charmoso”, uma mistura de estilos e cores, Bénédicte Boucays parte da Rua de Santa Catarina passando pelo Café Majestic e Grande Hotel do Porto. A autora nota “a influência francesa, nomeadamente de Auguste Perret” no edifício do Teatro Rivoli, e detém-se a admirar os azulejos do hall de entrada na estação de São Bento: “O edifício, desenhado pelo arquiteto português José Marques da Silva, foi largamente inspirado no estilo Beaux-Arts em voga em França no século XIX, assemelha-se estranhamente à gare Saint-Lazare, em Paris”, assinala.
“Deixamo-nos conduzir pelo relevo”, prossegue Bénédicte Boucays. “Subimos e descemos ruelas mais ou menos longas e estreitas, como a Rua do Almada, ladeada de casas de vários andares, com algumas janelas, varandas em ferro trabalhado, azulejos, por vezes grandes jardins nas traseiras e, sempre, uma loja no rés-do-chão”, descreve a autora, cujo roteiro passa ainda pela Avenida dos Aliados, Praça da Liberdade, Palácio das Cardosas e Torre dos Clérigos.
Atenta à oferta cultural da cidade, o percurso da jornalista francesa inclui ainda a Casa das Artes, a Casa da Música e Serralves, concluindo com uma travessia pela Ponte Luiz I para admirar as luzes noturnas do Porto.
Como um círculo que se fecha, a reportagem de Bénédicte Boucays conclui com as palavras de Teixeira de Pascoaes sobre o Porto: cidade “cheia de bruma e de granito”, numa recuperação da imagem que tinha sido empregue no arranque do texto. Uma surpresa para quem descobre, um encanto para quem regressa.