Economia

Investimento estrangeiro mantém a tendência positiva e antecipa reforçar a atividade no Porto

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Na cidade do Porto, a Covid-19 afetou mais as microempresas, o setor da hotelaria e turismo, e os investidores nacionais. Por outro lado, as grandes empresas, o setor tecnológico e os investidores internacionais registaram perdas mais ligeiras. São estas as principais conclusões de um estudo desenvolvido pelo Município do Porto, realizado através do gabinete de atração de investimento InvestPorto, que analisou os efeitos da pandemia no tecido de empresas estratégicas da cidade.

A Câmara do Porto apresenta as conclusões do estudo com base no feedback obtido junto de 65 empresas presentes na cidade, através do questionário "Porto: Covid-19 Business Continuity Survey", elaborado pela InvestPorto. As empresas participantes empregam mais de 4.000 colaboradores e, no último ano, geraram um volume de negócios combinado superior a 768 milhões de euros.

Uma das principais notas a reter é que, apesar do forte impacto da Covid-19 na economia local, a maioria das empresas estratégicas para o desenvolvimento económico do Porto encara o futuro de forma positiva e mantém a intenção de continuar a recrutar novos colaboradores.

Situação atual das empresas do Porto

A maioria dos investidores registou perdas ligeiras devido à Covid-19, inferiores a 30%, embora cerca de 15% tenha visto a sua atividade reduzida para menos de metade. O setor da hotelaria e turismo foi mesmo o que sofreu o maior impacto com a crise, com todos os investidores do ramo a registarem quebras moderadas a elevadas.

Por outro lado, no setor das TIC o número de investidores com perdas elevadas é residual. O estudo também conclui que, regra geral, quanto menor a dimensão das operações, maiores as perdas associadas à pandemia.

Mas os primeiros sinais de recuperação económica já começaram a surgir. De acordo com o relatório, 82% das empresas está a laborar normalmente. Da amostra, apenas 3% das empresas estavam prestes a suspender atividade e 15% encontrava-se com a atividade temporariamente suspensa (metade das quais provenientes do setor da hotelaria e turismo).

Outra conclusão do estudo assinala que a Covid-19 trouxe novas oportunidades de negócio para 1 em cada 4 investidores no Porto. No entanto, as oportunidades geradas também se distribuem de forma assimétrica, concentrando-se nos serviços de consultoria, empresas tecnológicas e nos serviços partilhados.

A esmagadora maioria das empresas, cerca de 91%, indica ser capaz de assegurar as suas necessidades de liquidez imediatas. Por seu turno, apenas 8% dos inquiridos assinalaram não ter capacidade de caixa para os próximos dois meses, sendo que destas 60% eram microempresas.

Em resposta à Covid-19, oito em cada dez empresas adotaram o regime de teletrabalho. A adesão a esta solução foi ainda maior junto das grandes empresas.

O recurso ao pagamento fracionado de impostos e de contribuições para Segurança Social foi a medidas pública de apoio extraordinário mais popular, sendo solicitada por 22% das empresas participantes no estudo, e as microempresas recorreram mais a esta medida do que as empresas de maior dimensão.

Além disso, 15% recorreu ao regime de layoff simplificado e 12% às linhas de crédito ou às moratórias para empresas afetadas pela Covid-19. A adesão a estas últimas medidas foi superior junto das PMEs e grandes empresas. Apenas 3% das empresas recorreram ao despedimento de recursos humanos.

Grande maioria dos investidores aprovou medidas municipais

A grande maioria dos investidores (79%) aprova a resposta do Município do Porto à pandemia e 71% concordam com as medidas do governo português.

Apenas 2% das empresas disse não concordar com as medidas da autarquia, enquanto que 8% referiu não concordar com as medidas do governo português. O estudo indica ainda que a taxa de aprovação junto dos investidores estrangeiros é superior à dos investidores nacionais.

Antevisão no pós-pandemia

Dois em cada três investidores encaram o período de recuperação pós Covid-19 de forma positiva. No entanto, entre empresas do setor de hotelaria e turismo apenas metade antevê o futuro de forma idêntica.

Regra geral, quanto maior for a dimensão empresa, melhores as suas perspetivas no pós-crise e, segundo o estudo, as empresas de capital estrangeiro tendem a ver o futuro de forma mais positiva do que as portuguesas.

Um em cada três investidores antecipam expandir a sua presença no Porto, sendo que o setor das TIC e os investidores externos lideram em intenções de novos investimentos. Por outro lado, no setor da hotelaria e turismo espera-se uma maior contração do investimento.

O capital estrangeiro também não dá mostras de retração, pois dois em cada três investidores estrangeiros antecipam aumentar o ritmo de novos investimentos no Porto e nenhuma empresa grande ou média prevê cortar investimentos na cidade. No entanto, 40% das microempresas prevê uma redução. 

Metade das empresas mantém a intenção de continuar a recrutar pessoal, mas 21% adiou novas contratações. No setor das TIC, 67% das empresas prevê continuar a contratar. Já no setor da hotelaria e turismo apenas 25% mantém a intenção de recrutar pessoal.

Os planos de recrutamento das empresas estrangeiras sofreram menos alterações devido à Covid-19, com 72% a manter a intenção de contratar mais recursos humanos. Entre empresas portuguesas apenas 38% prevê novas contrações.