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Investigadores do Porto coordenam projeto europeu de promoção da agrobiodiversidade

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O objetivo é desenvolver soluções e ferramentas que irão fomentar a agrobiodiversidade, combatendo o paradigma agrícola de monocultura e de agricultura industrializada.

A definição do futuro da agricultura vai passar pelo Porto – é a partir da cidade que vai ser coordenado o projeto europeu “RADIANT: realizando cadeias de valor dinâmicas com culturas subutilizadas”. Financiado pelo Programa Horizonte 2020 em mais de 5,9 milhões de euros, tem por principal objetivo combater o paradigma da monocultura e tornar possível um aumento da diversidade de culturas.

Os investigadores do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF), da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto, vão coordenar o desenvolvimento de soluções e ferramentas que irão fomentar a agrobiodiversidade, combatendo o paradigma agrícola de monocultura e de agricultura industrializada.

“No último século, 75% da diversidade genética das culturas foi perdida. Existem cerca de 259 mil espécies de plantas, das quais 50 mil são comestíveis (sendo 150-200 realmente consumidas)”, nota Marta Vasconcelos, investigadora do CBQF e coordenadora do projeto RADIANT. “Apenas três fornecem 60% das calorias e nutrição da dieta humana: milho, arroz e trigo. Este cenário é o culminar de um processo que começa logo ao nível da produção local de alimentos mais diversificados, pois os obstáculos são muitos”, acrescenta a cientista.

É com a finalidade de reduzir estes obstáculos e de tornar possível um aumento da diversidade de culturas, refletida nos alimentos consumidos pelos cidadãos, que o RADIANT se propõe, através de uma abordagem baseada na “Teoria da Mudança”, a criar ferramentas que preservem a agrobiodiversidade, tornando possível a diversificação da disponibilidade de alimentos produzidos localmente.

Ao promover culturas subutilizadas, que incluem uma mistura de espécies pouco produzidas, como as leguminosas, ou variedades mais antigas e “esquecidas” de culturas mais comuns, como o trigo, milho, cevada ou tomate, a ambição do projeto é reduzir a “lacuna de produção” entre as culturas mais populares e as subutilizadas, e a “lacuna nutricional” – entre os alimentos mais consumidos, e os alimentos mais necessários para uma dieta saudável. A investigadora refere, também, que, a par destes objetivos, se pretende “garantir um desenvolvimento económico e social justo para todos os intervenientes das cadeias de valor.”

O projeto RADIANT envolve 29 entidades de 12 países europeus – Portugal, Eslovénia, Reino Unido, Hungria, Espanha, Grécia, Itália, Alemanha, Irlanda, Bulgária, Países Baixos, Chipre – e conta ainda com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) como parceira.

A iniciativa terá uma duração de quatro anos e um financiamento acima dos 5,9 milhões de euros através do Programa Horizonte 2020. O projeto conta com 20 explorações agrícolas piloto, onde boas práticas serão testadas e demonstradas, e implicará o recrutamento de 45 agricultores participativos para facilitar a integração das culturas subutilizadas.