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Investigadores do Porto confirmam benefícios da exposição a espaços naturais no confinamento devido à Covid-19

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Filipa Brito

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram que a exposição a espaços naturais durante o primeiro confinamento devido à covid-19 foi benéfica para a saúde mental dos cidadãos portugueses e espanhóis.

Ana Isabel Ribeiro, investigadora daquele instituto e primeira autora do trabalho, explicou que o mesmo visava “perceber se a exposição a espaços naturais tinha implicações na saúde mental dos cidadãos”.

“A nossa hipótese era se aqueles indivíduos que continuaram expostos a espaços naturais poderiam ter uma melhor saúde mental neste período de crise de saúde pública”, afirmou, em declarações à agência Lusa.

Os investigadores lançaram um questionário, que esteve disponível online entre os meses de março e maio de 2020 e que abarcava questões como a frequência, o tipo de exposição aos espaços naturais, o tipo de habitação, a saúde mental, os níveis de stress, de perturbação mental e de sintomas psicossomáticos, apesar de Portugal e Espanha terem, no primeiro confinamento, medidas restritivas de combate à pandemia diferentes.

O questionário abrangia ainda diferentes tipologias de espaços naturais como plantas interiores, plantas exteriores, hortas, jardins privados, contemplação de espaços naturais e espaços naturais públicos.

No inquérito participaram 3.157 cidadãos com 18 anos ou mais e que permaneceram em Espanha ou Portugal durante o confinamento, sendo que do total de participantes 1.638 eram portugueses e 1.519 espanhóis.

Nos dois países, houve uma redução significativa no uso dos espaços naturais públicos como as praias e jardins e, um aumento do contacto com os espaços naturais privados, como jardins de prédios, hortas urbanas e plantas.

De acordo com a Ana Isabel Ribeiro, a investigação mostrou que, em Portugal, “46% dos inquiridos aumentaram e mantiveram a exposição” aos espaços naturais públicos, tendo apresentado menores níveis de perturbação psicológica e também menores níveis de sintomas psicossomáticos”.

A investigadora salientou ainda que os indivíduos que utilizavam os espaços verdes “apresentavam menores níveis de ‘stress’, perturbação psicológica e somatização”, bem como os que contemplaram espaços naturais a partir das suas casas.

Já em Espanha, apenas “34% dos indivíduos aumentaram ou mantiveram os hábitos de exposição”. O estudo mostra, também, que, em Espanha, o contato com os espaços de natureza privados, como as plantas interiores e os jardins comunitários, contribuiu para a redução dos níveis de ‘stress’ dos cidadãos, dos sintomas psicossomáticos, estando associado a “maiores benefícios para a saúde mental”.

Segundo Ana Isabel Ribeiro, os resultados da investigação permitiram concluir a hipótese inicialmente colocada: “os indivíduos com maior exposição aos espaços naturais têm melhor saúde mental do que aqueles que não têm”.

A investigação, desenvolvida em parceria com o Institute of Environmental Science and Techonolgy da Universidade Autónoma de Barcelona (ICTA-UAB), foi publicada na revista científica Environment International.