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Investigadores de Saúde Pública concluem que imunoterapia pode prevenir a asma em crianças

  • Paulo Alexandre Neves

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Filipa Brito

O estudo, publicado na revista científica Allergy, revela que a imunoterapia, também conhecida como vacina antialérgica, pode prevenir a progressão da doença alérgica e o desenvolvimento de asma em crianças com sensibilidade, por exemplo, ao pólen e ácaros.

Em vez de utilizar anti-histamínicos ou corticoides nasais, tratamentos usados habitualmente pelos pais para controlar e aliviar os sintomas nas crianças, as vacinas procuram combater a causa das alergias, diminuindo os sintomas a longo prazo. Atuam através da administração de doses controladas de extratos de alergénios, com o objetivo de reeducar o sistema imunológico no sentido da tolerância e, assim, responder cada vez menos aos mesmos.

A imunoterapia dura geralmente de três a cinco anos, com a administração contínua da vacina de forma subcutânea ou oral, sendo que esta deve ser prescrita por um médico especialista em imunoalergologia.

Para este estudo, os investigadores realizaram uma meta-análise de 18 estudos previamente publicados, somando uma população total superior a 325 mil pessoas avaliadas. Após compilar os dados dos estudos realizados, verificaram haver uma diminuição de 25% no risco de desenvolver asma após a realização de imunoterapia contra a alergia ao pólen e ácaros.

“A novidade é a abrangência dos estudos que avaliamos, porque incluímos, não só, ensaios clínicos, conduzidos em ambiente controlado, mas também utilizamos dados de estudos de vida real. Portanto, acabamos por juntar várias fontes de informação num só estudo, e chegar à conclusão de que é muito provável o efeito preventivo da imunoterapia na progressão da doença alérgica e no desenvolvimento de asma”, revela ao portal Notícias U.Porto Mariana Farraia, primeira autora do estudo e investigadora no Laboratório de Epidemiologia das doenças alérgicas, pertencente ao Laboratório Associado para a Investigação Populacional Translacional e Integrativa (ITR), coordenado pelo ISPUP.

“Havia a perceção de que as vacinas antialérgicas poderiam modificar a história natural da doença e este é um tema debatido há bastante tempo, com prós e contras envolvidos. O que este estudo vem, pela primeira vez, demonstrar, é que é possível mudar a história natural da doença com esta intervenção, o que é completamente inovador”, esclarece André Moreira, coordenador do estudo.

Para além de Mariana Farraia e André Moreira assinam também o estudo os investigadores Inês Paciência, Francisca Castro Mendes e João Cavaleiro Rufo (todos do ISPUP), Mohamed Shamji (Instituto Nacional do Coração e Pulmão britânico) e Ioana Agache (Faculdade de Medicina da Universidade de Brasov, na Roménia).