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Inovação Fora de Portas entra no imaginário de Siza Vieira que colmatou vazio em Serralves

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"Um todo evidente" com o já existente. "Um vazio que a imaginação tenta colmatar". Assim descreve Siza Vieira o novo edifício que projetou para o Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves. Na última sessão do ano, o Inovação Fora de Portas - Engenharia à Mostra entrou no imaginário do arquiteto e promoveu uma visita exclusiva, antes de o espaço ser aberto ao público, em janeiro de 2024, com exposições da Coleção de Serralves e da obra de Álvaro Siza.

O engenheiro responsável pelo projeto de estruturas, Jorge Silva, esteve à conversa com a coordenadora do projeto de arquitetura, Maria Moura, numa sessão moderada por Bárbara Rangel e onde estiveram, também, a presidente da Fundação de Serralves, Ana Pinho, o diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Rui Calçada, e o vicepresidente da Câmara do Porto. Filipe Araújo aproveitou a ocasião para assinalar a importância do Museu de Arte Contemporânea de Serralves e da sua nova ala para "uma cidade que vai sendo transformada ao longo dos tempos justamente por estes feitos de inovação que, no futuro, muito dirão sobre o ADN do Porto".

Não podendo contar com a presença do arquiteto que assina a nova ala, a sessão projetou um vídeo documental onde Álvaro Siza Vieira explica o processo de criação do espaço. A começar pelas dificuldades, que o próprio arquiteto considera “importantíssimo”. “Isso quebra o que é a hesitação inicial de como iniciar um projeto” e ajuda “a escolher a solução pelos condicionamentos que existem”, afirma.

Nas palavras de Siza Vieira, “o desbravar do projeto vem no sentido de olhar cada aspeto particular como uma parte de um todo, não fazer fronteiras entre os muitos e diversos condicionamentos e dificuldades”.

Entre os condicionamentos está, por exemplo, a existência de árvores classificadas nos jardins de Serralves, que não era possível transferir. O arquiteto explica que “o edifício tinha que se incluir, sem grande perturbação, entre as árvores” e a solução encontrada foram as “torções” que apresenta.

Assumindo que o “projeto correu muito bem”, o arquiteto conta que o que era pretendido era “um pavilhão anexo, mas que fizesse parte do edifício” que já existia. Essa premissa fez nascer o “edifício-ponte” que une os espaços e permitem que “atravessando a galeria que liga as várias salas, a pessoa não se aperceba que entra noutro edifício”, explica Siza Vieira.

Em relação à estrutura, o arquiteto admite tentar sempre que “não seja dominante do espaço”, preferindo “um espaço tranquilo, onde não haja a perceção da dificuldade material em segurar o edifício”. Em matéria de luz, o projeto apresenta “variações que enriquecem o espaço, de acordo com o significado de cada setor, de cada zona”.

“Quando se faz qualquer um dos percursos, sempre se encontra aqui, acolá, uma janela que estabelece a relação com o exterior e nunca se perde a noção de como o edifício se implanta naquele terreno”, sublinha Siza Vieira.

O arquiteto refere, ainda, o “trabalho comum com o engenheiro de estrutura, o engenheiro de iluminação, o engenheiro de ar condicionado” para encontrar a solução dos tectos – as sancas – no que a esconder bocas de entrada de ar e iluminação diz respeito.

O Inovação Fora de Portas é uma colaboração do Município, através da Porto Innovation Hub, com a Faculdade de Engenharia e a Reitoria da Universidade do Porto e a Gaiurb, promove visitas a locais emblemáticos da cidade, convocando agentes de inovação, assim como toda a comunidade, para conhecer o potencial de transformação do Porto a partir dos seus espaços. A iniciativa conta com o apoio da Ordem dos Engenheiros - Região Norte, da Ordem dos Arquitetos, da Casa da Arquitetura, da Fundação Marques da Silva e da IACES Porto.

Noutras edições, a iniciativa já passou pelo Estádio do Dragão, pelo i3S – Instituto de Investigação e de Inovação em Saúde da Universidade do Porto, pelo Terminal Intermodal de Campanhã ou mesmo pelo Bairro de Lordelo.