Economia

Indústria da moda volta a vestir-se do ADN do Porto

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Voltou a azáfama aos corredores da Alfândega do Porto e, desde quarta-feira, a cidade veste-se das tendências outono/inverno, criadas por jovens e consagrados nomes da moda nacional. Na edição número 50, o Portugal Fashion escolhe as cores da maturidade, do otimismo e da importância económica e social.

Ser assistente de produção, cabeleireiro ou maquilhador num desfile de moda é ter sempre uma série de ganchos no bolso, os dedos bem abertos para segurar um indeterminado número de lápis e pinceis e ainda uma lata de laca sempre em riste. Tudo isto, segundos antes da entrada de qualquer modelo na passerelle.

São estes pormenores, rápidos e coordenados que, aos olhos do público, fazem parecer simples a produção do Portugal Fashion. E, à 50.ª edição, quase que é.

Pelo menos para Susana Bettencourt. Depois de começar por coser vestidos para as bonecas, de fazer peças exclusivas para Lady Gaga e de ter levado as suas malhas à Semana da Moda de Paris, a designer volta ao Portugal Fashion com “segurança e maturidade”. “Já não nos deixamos levar pela fantasia ou pela loucura, e isso acaba por transparecer nas nossas coleções e até no ambiente de backstage”, confessa, assumindo que “já vimos preparados para que tudo corra mal e nós temos uma solução na mesma”.

Com uma coleção inspirada “pelas tabelas de ADN, pela nossa impressão digital”, a designer procurou “a expressão através das cores em busca da identidade de cada um de nós” para apresentar no evento no Porto. “É incrível, já estávamos com o bichinho e com muita saudade de querer fazer um desfile”, confessa, feliz com o regresso do público, com quem “o desfile ganha um outro significado e um outro propósito".

Foco otimista no negócio da moda

Para a diretora do Portugal Fashion, este evento quer ir sempre para lá da passerelle. “Edições com números redondos como este fazem-nos sempre pensar aquilo que é o foco, a estratégia, principalmente num contexto tão desafiante como o atual”, partilha Mónica Neto.

Sublinhando a importância do retorno das comitivas internacionais e dos momentos de networking que o alívio das restrições permite, a diretora do Portugal Fashion espera que, “no fim destes quatro dias, que são intensos, haja muitos resultados” para o negócio da moda.

Feliz pelo regresso totalmente presencial, mas com os olhos já no que poderá advir do contexto político e económico que se avizinha, Mónica Neto acredita que “há aqui um sentimento grande de resistência, de otimismo, porque aquilo que temos feito, sobretudo em parceria com a indústria, é muito forte e tem aqui uma grande capacidade competitiva a nível internacional”. Por isso, reforça, “mantemos o otimismo”.

O maior desfile de moda e uma pilar económico e social

Depois de uma primeira experiência, fruto da parceria estabelecida com o Afreximbank, banco de investimento comprometido com a divulgação da economia criativa e cultural africana, a passerelle do Portugal Fashion volta a iluminar-se para as criações de 20 designers oriundos de África.

O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), responsável pelo Portugal Fashion, acredita que esta “é uma das grandes parcerias que fizemos”. “Estes designers vêm à procura de ter indústria e, assim, também estamos a revitalizar a moda e a apoiar os industriais portugueses”, sublinha Alexandre Meireles.

O responsável da ANJE admite que ter “o público de volta em massa” nos desfiles “é outra coisa”, depois de dois anos a funcionar em condições restritas, mas sempre a “ajudar os nossos designers, com a criação de plataformas online para eles venderem”.

“Vamos continuar a inovar para reagir às adversidades e ter o Portugal Fashion como o maior desfile de moda português”, garante Alexandre Meireles, reforçando a certeza de que “não faz sentido haver um Portugal Fashion sem a cidade do Porto. É um projeto da máxima importância, quer económica, quer social, para a cidade e para toda a região”.

Contando todos os anos com o apoio da Câmara do Porto, o Portugal Fashion é um projeto da responsabilidade da ANJE, cofinanciado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 — Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, com fundos provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

A 50.ª edição do Portugal Fashion acende as luzes da passerelle, pela última vez, esta noite, com os desfiles de Luís Onofre e da dupla Alves/Gonçalves.