Cultura

"Indelével Intermitência"

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Sara Santos Silva

A exposição de pintura
"Indelével Intermitência", da autoria de Jorge Abade,
 está patente até 21 de setembro, nos
Armazéns da Estação de São Bento, e reúne um conjunto de 16 pinturas do artista
portuense, que reflectem sobre o tempo e a sua suspensão.


Sinopse:
No viver há tempos em suspenso (feitos
de durações imobilizadas), tempos que não são parados ou congelados, que estão
na permanente iminência de acontecer. Conferem perenidade à finitude das
durações que os compõem, justamente no resgate dos próprios momentos banais em
que se fundeiam. Não se consegue prescindir do banal, resta transcende-lo
através dele próprio nas intermitências que o eternizam, mesmo quando é
abominável.
 


Uma pintura pode ser o lugar de encontro de todos os caminhos que convergem para uma
intermitência que se perpetua, nessa medida é uma materialização de um tempo
indelével que concentra tempos em suspenso. Pede também, a quem dela partilha,
uma disposição para um tempo suspendido que lhe justifica finalmente a sua
razão de ser. É um momento nos caminhos, mas é caminho em si, basta-se para
toda uma inteira existência.
 





O tempo de suspensão
para se ver uma pintura, numa estação de caminhos-de-ferro, é anacrónico em
relação aos tempos de suspensão banais nesse tipo de espaço: quer dos que
esperam, como dos que apressadamente se deparam com as banais micro-suspensões
que aí ocorrem constantemente. E estas pinturas, pela aproximação e intimidade
que requerem, chamam a uma suspensão mais pungente - fazem um apelo a uma
estreiteza íntima, interrompendo assim o normal caminhar e transbordo para
outro caminho, numa gare; afirmam estaticamente a sua silenciosa e
despretensiosa presença. É legitimamente esta a razão de ser para que se
encontrem aqui este conjunto de pinturas.