Sociedade

ICBAS com busto de fundadores

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São
dois dos maiores nomes do ensino e da investigação médica portuguesa do
século XX e estão intimamente ligados à história da Universidade do Porto
como fundadores do
 Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). Desde esta terça-feira, dia 23 de fevereiro, é esse
legado que está imortalizado no Átrio Principal do instituto, através dos
bustos de Corino de Andrade e de Nuno Grande, da autoria do escultor Hélder Carvalho.


 


Mário Corino de Andrade  (1906-2005) ficará para sempre
(re) conhecido como o investigador que descobriu a paramiloidose, mais
conhecida como "doença dos pezinhos". Um feito entre os muitos que marcam o
percurso de um dos mais destacados neurologistas nacionais e um dos
principais impulsionadores da criação do ICBAS.


 


Natural do Alentejo, licenciou-se em Medicina e Cirurgia em
Lisboa, de onde partiu em 1931 para trabalhar no Laboratório de Neuropatologia
da Faculdade de Medicina de Estrasburgo. De regresso a Portugal, foi
contratado como neurologista pelo Hospital Santo António, cujo Serviço de
Neurologia criou e dirigiu  a partir do início dos anos 40.O
reconhecimento mundial chegaria em 1952, ano em que foi o primeiro a
identificar e tipificar cientificamente a paramiloidose, doença que
detetou ao observar pescadores da zona da Póvoa de Varzim que não sentiam dor
quando se cortavam nas cordas dos barcos e se queimavam com os
cigarros. Em 1976, ano que marca o início do funcionamento do ICBAS,
identificou uma outra doença neurológica após uma viagem de investigação aos
Açores: a de Machado-Joseph. Entre as distinções que somou nos seus 99 anos de
vida incluem-se o Grau de Grande Oficial de Santiago de Espada (1979), a
Grã-Cruz da Ordem de Mérito (1990), o Grande Prémio Fundação Oriente de Ciência
e, em 2000, o Prémio Excelência de Uma Vida e Obra da Fundação Glaxo Wellcome.


 


Igualmente notável
é o percurso de Nuno Grande (1932-2012).
Natural de Vila Real, cumpriu todo o seu percurso académico na Faculdade
de Medicina da U.Porto (FMUP), onde se licenciou e doutorou com a classificação
de 19 valores e se iniciou na carreira de docente  pelas mãos de
Hernâni Monteiro. Seria contudo no ICBAS, escola que ajudou a fundar em 1975,
que se notabilizaria como pedagogo de referência - nomeadamente nos
domínios da Anatomia - para várias gerações de médicos portugueses.
Paralelamente, desenvolveu uma vasta obra científica, marcada pela realização
de trabalhos "inéditos de repercussão internacional", como recordou o
atual director do instituto, António Sousa Pereira, por ocasião da sua morte.


 


Marcada
pela passagem por Angola, país onde prestou serviço militar e onde
acabaria por ficar ligado ao ensino da Medicina, a carreira de Nuno Grande está
também ligada aos vários cargos de relevo que assumiu ao longo da sua
vida, entre os quais os de Pró-Reitor da Universidade do Porto para os assuntos
Sociais (1988), membro do Painel de Conselheiros do Comité Científico da NATO
(1989) ou Presidente da Direção da casa Museu Abel Salazar. Foi condecorado
pelo Governo Português com o grande oficialato da Ordem da Instrução.


 


A
inauguração dos bustos dos dois fundadores do ICBAS decorreu, simbolicamente,
na data do aniversário de Nuno Grande. O evento contou com a participação
da comunidade do instituto e das famílias de Corino de Andrade e Nuno Grande.


 


Fonte: Portal de Notícias da U.Porto