Ambiente

Horta municipal de Paranhos, terra fértil a partir de hoje (REPORTAGEM)

  • Inês Reis

  • Notícia

    Notícia

A nova horta municipal de Paranhos já está concluída. Com um total de 32 talhões disponíveis para cultivo, esta é a sexta horta do município. O espaço foi inaugurado esta manhã, com a entrega das chaves do portão a cada um dos felizes contemplados em explorar estas parcelas de terreno. O propósito é incentivar a dinamização de hortas por parte da população, promovendo a produção agrícola biológica, a valorização orgânica dos resíduos domésticos e o estímulo à economia circular e de proximidade.

Situada junto à Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto (na Rua do Arquiteto Lobão Vital), a nova horta comunitária da cidade já está preparada para ver nascer todo o tipo de produtos hortícolas concebidos pelas mãos dos mais diversos agricultores urbanos.

Maria de Lurdes Gonçalves é reincidente nesta experiência da rede de hortas biológicas da cidade e, embora o terreno ainda esteja vazio e acabado de inaugurar, já consegue enumerar de cor o que vai nascer no seu novo talhão: “tudo o que for sazonal: brócolos, alface, tomates, pimentos, o que for possível. E os talhões são grandes, o que possibilita isso”. Atualmente reformada, a munícipe admite que se decidiu candidatar à mais recente horta municipal porque “sempre esteve ligada à agricultura”.

“Gosto muito de hortas, inclusive tenho uma hortinha na minha varanda. Isto para mim é ouro sobre azul”, acrescenta Maria de Lurdes. De resto, a proximidade à sua habitação foi uma vantagem, uma vez que “são dez minutos a pé”.

Já para Telmo Silva, também residente em Paranhos, esta foi a forma encontrada para presentear os seus dois filhos, um com quatro e outro com um ano de idade, com uma primeira experiência hortícola.

“É uma oportunidade de proporcionar aos miúdos e a nós, adultos, o contacto com a terra. Nós já cultivamos e já temos o hábito de comprar produtos biológicos e vai ser uma oportunidade de mexermos na terra com eles, dar-lhes um momento de prazer e tornar isto um hábito familiar de cultivar e extrair da terra o que nós vamos comer”, admite.

A viver num apartamento com a sua família, o munícipe constata que a possibilidade de ter um terreno no centro do Porto é escassa e, como tal, esta constitui uma oportunidade de possuir um espaço “amplo e agradável” para o efeito.

Quanto aos primeiros cultivos na sua parcela de terreno, Telmo já está decidido: “Nós já temos lá na varanda um bocadinho de morangos e vamos transplantá-los para cá”.

No entanto, antes destes hortelãos poderem meter mãos à obra, é necessário dotá-los de uma formação na área da agricultura biológica. Com uma duração de nove horas, estas sessões realizadas em parceria com a LIPOR no âmbito do projeto Horta à Porta, atualmente num registo online, servem o propósito de ensinar noções de conservação do solo, da água e dos recursos para um desenvolvimento de uma horta mais sustentável e funcional.

“Nós tentamos ao máximo que as práticas de agricultura sejam o mais sustentáveis possível. Portanto, a formação é obrigatória para quem faz parte do projeto Horta à Porta. Tem a componente de compostagem caseira e a componente de agricultura biológica como forma de incentivar à melhoria das práticas agrícolas, para que também depois a qualidade dos alimentos seja aquilo que realmente pretendemos que os nossos cidadãos tenham”, explica Susana Freitas, técnica superior da LIPOR.

Para o efeito, cada talhão dispõe de um contentor de compostagem, onde os munícipes poderão depositar os resíduos orgânicos que trouxerem de casa, com a ajuda de um recipiente de recolha seletiva fornecido durante a inauguração.

Além disso, o espaço disponibiliza ainda uma casa agrícola, onde os horticultores podem deixar as suas ferramentas devidamente guardadas, e acessos individuais a água para a rega.

Sendo esta uma constante preocupação por parte da autarquia, no sentido de criar estratégias de sustentabilidade e incentivar a população para práticas que promovam o contacto com a natureza e o aumento da qualidade de vida, as hortas urbanas têm vindo a gerar, cada vez mais, um crescente interesse por parte dos munícipes.

“Há de facto hoje, e cada vez mais, uma maior propensão das pessoas para olharem para estes temas da agricultura urbana com outros olhos. Temos muitas pessoas que pretendem usar o espaço para plantar os seus próprios vegetais, ter algum espaço para plantar aquilo que podem consumir em casa”, atesta o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, responsável pelo Pelouro da Inovação e Ambiente.

As obras que arrancaram no início do mês de fevereiro permitiram transformar o antigo terreno baldio num espaço para o cultivo e para a promoção da educação ambiental, possibilitando assim a existência de locais de convívio espontâneo e de motivação para a prática de atividades de ocupação dos tempos livres.

Assim, a rede de hortas da cidade do Porto passa a contar com 176 talhões municipais, para uma área cultivada de aproximadamente 4.500 metros quadrados, aos quais se somam mais 270 talhões de instituições privadas.