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Honras militares escoltam aterragem do coração de D. Pedro no Brasil

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Já está em solo brasileiro o coração de D. Pedro IV, que a cidade do Porto cedeu, de forma temporária, para as celebrações do Bicentenário da Independência do Brasil. O avião onde seguiu o presidente da Câmara do Porto e o comandante da Polícia Municipal, entidade que, desde a primeira hora, tem garantido a segurança do objeto, aterrou esta segunda-feira na Base Aérea de Brasília, onde foi recebido com honras militares.

À saída da aeronave, o coração do monarca foi recebido pelo embaixador de Portugal no Brasil, Luís Filipe Melo e Faro Ramos, pelo ministro brasileiro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, pelo comandante de Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar, Carlos de Almeida Batista Júnior, e pelo deputado federal, Luís Filipe de Orleães Bragança, descendente do imperador responsável pela independência do país.

Com o coração em destaque ainda na pista de aterragem, a solenidade do momento fez ouvir-se o hino brasileiro, cujo primeiro verso refere, precisamente, o Ipiranga, o rio em cuja margem o imperador terá proferido a famosa expressão “independência ou morte”, que deu a independência ao Brasil, a 7 de setembro de 1822.

Encarregue do discurso de receção, o ministro da Defesa brasileiro afirmou que “a determinação dos brasileiros em lutar pela liberdade incorreu sob a inspiração do gesto de D. Pedro”. “Hoje regressa o coração deste herói nacional, chamado de ‘O Libertador’, esse legítimo ícone da independência brasileira, um governante muito à frente do seu tempo, um líder visionário e destemido”, referiu Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

O representante do governo do Brasil reforçou ainda a ideia de que “a gentil cessão [do coração] pelo governo português traduz o respeito mútuo e os laços indissolúveis de irmandade que unem brasileiros e portugueses, selados no tratado de paz, amizade e aliança de 1825. Por isso, somos muito gratos”.

Por sua vez, Rui Moreira sublinhou o significado que tem para o Brasil a trasladação temporária do fundador da nação. "Em primeiro lugar, é muito importante, simbolicamente para o Brasil, o regresso do coração do vosso primeiro imperador D. Pedro. É muito importante também pra Portugal porque ele foi uma figura crucial na afirmação da liberdade em Portugal. E para a cidade do Porto que eu aqui represento, porque foi ele também que nos libertou dos jugos que tínhamos e foi considerado pela população do Porto como rei soldado", cita a TV Globo.

Com todas as despesas da viagem asseguradas pela República Federativa do Brasil, o objeto foi depois levado, sob forte esquema de segurança, para o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A segurança do coração ao longo da estadia em solo brasileiro será garantida pela Polícia Federal, Polícia Militar do Distrito Federal, pelas Forças Armadas e pelos Dragões da Independência, com o acompanhamento permanente do comandante da Polícia Municipal do Porto, António Leitão da Silva.

As comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil têm início esta terça-feira com uma cerimónia no Palácio do Planalto, sede da Presidência brasileira, em Brasília, num momento onde poderá ser ouvido o Hino da Independência, melodia composta pelo próprio monarca.

Até 7 de setembro, o coração de D. Pedro estará em exibição pública, regressando ao Porto logo de seguida para poder, novamente, ser visto na Irmandade da Lapa nos dias 10 e 11. Nessa altura, exposições, conferências e publicações vão celebrar o rei que ofereceu o seu coração ao povo que lutou ao seu lado pela liberdade.