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Histórias da cidade: uma sombra com mais de 300 anos

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É um dos mais antigos exemplares na cidade com a classificação de Árvore de Interesse Público. Respeitável pela sua idade e antiguidade, dá sombra às brincadeiras das crianças.

Há, no Porto, uma árvore com mais de 300 anos e que está entre as mais antigas a integrar o Arvoredo de Interesse Público da cidade. Falamos do Tulipeiro da Virgínia que está localizado no recreio da Escola Municipal João de Deus, numa metáfora para a vida: os mais velhos a olhar pelos mais novos, as jovens gerações a cuidar das mais antigas, reafirmando a solidariedade como valor essencial.

A majestosa árvore que oferece a sua sombra às crianças que frequentam o estabelecimento escolar terá mais de 300 anos, segundo a estimativa dos serviços municipais do Ambiente. Na última medição, a árvore ascendia aos 25 metros de altura, com a copa a atingir um diâmetro superior a 19 metros. O tronco tem um perímetro na ordem dos 7,4 metros. É a imponência de já ter assistido a mais de três séculos de história a acontecer ao seu redor, mesmo que a árvore requeira alguns cuidados especiais, devido à sua antiguidade.

Classificado desde 1939, este exemplar é descrito pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), entidade que atribui a classificação de interesse público, como uma árvore “magnífica”. Recentemente este Tulipeiro da Virgínia foi um dos alvos da atenção de Gerard Passola e Jesus Puerta, arboricultores espanhóis de renome internacional que vieram ao Porto estudar vários exemplares classificados.

O ICNF enaltece ainda a “rara beleza sobretudo na época da floração” do Tulipeiro da Virgínia, e acrescenta que “as flores em forma de tulipa aparecem sempre entre maio e junho, razão de ser do seu nome vulgar ‘Árvore do ponto’.”

Esta curiosa designação terá a sua origem histórica entre os estudantes da Universidade de Coimbra, que assim chamavam ao tulipeiro (cujo nome científico é Liriodendron tulipifera), por começar a florir na época dos exames. Um sinal da Natureza que a altura das avaliações estava a chegar, sinónimo do final do ano letivo que marca uma pausa nos jogos e brincadeiras das crianças da Escola Municipal João de Deus.

A espécie é nativa da costa leste da América do Norte, com distribuição natural desde o sul do Ontário e o Vermont até ao centro da Flórida e Louisiana. Terá sido introduzida na Europa em 1663, tornando-se numa árvore frequente nos parques do continente. Dada a sua longevidade (300 a 500 anos), muitos exemplares plantados nos séculos XVIII e XIX estão presentes em parques e arboretos de toda a Europa.

O Porto conta com mais de 200 exemplares isolados ou conjuntos arbóreos reconhecidos pelas suas características peculiares (idade, porte, estrutura, raridade, história ou factos culturais) e que se distinguem dos demais, justificando um estatuto similar ao do património construído. Duas árvores seculares da Casa Tait foram recentemente classificadas.