Sociedade

Histórias da cidade: Um local com história que vai muito para além da fé

  • Paulo Alexandre Neves

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Miguel Nogueira

A Sé Catedral do Porto é um dos monumentos mais visitados da cidade. A sua localização e, sobretudo, a sua história suplantam a sua génese de sempre: ser um local de culto religioso. Ela própria confunde-se com a história da cidade. A sua localização, bem no coração do centro histórico, não deixa ninguém indiferente.

O templo, também conhecido como igreja de Santa Maria do Porto, de Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação ou de Nossa Senhora da Vandoma, atesta bem a importância que nela tem o culto mariano. Tal como a primeira cintura de muralhas da cidade, nasceu no século XII por iniciativa do seu primeiro bispo, D. Hugo.

O edifício, de estrutura romano-gótica, atingiu a sua atual volumetria no século XIII e, no século seguinte, foi-lhe acrescentado o claustro, construído em estilo gótico, tal como o túmulo do cavaleiro João Gordo na capela de São João Evangelista.

Casamento real em 1387

Ainda no século XIV, no dia 14 de fevereiro de 1387, os reis D. João I e D. Filipa de Lencastre casaram-se ali, tendo as gentes do Porto vestido as melhores roupas e a cidade sido coberta de flores e ervas de bons cheiros para a festa de comemoração.

Mais tarde, nos séculos XVII e XVIII, o aspeto exterior e interior da catedral foi alterado pelo gosto barroco. Data desse período a transformação do portal – que ainda conserva a rosácea medieval, datada do século XII e a loggia ou galilé lateral (1736), obra de Nicolau Nasoni, voltada para a cidade – da fachada norte e de vários outros locais, como a capela-mor, recentemente restaurada, e a capela do Santíssimo Sacramento, que desde então alberga um grandioso retábulo de prata, executado por ourives portuenses (desde 1632 até ao séc. XIX). Junto às portas encontram-se monumentais pias de água benta, dos finais do séc. XVII. Junto à pia batismal seiscentista, há um baixo-relevo de Teixeira Lopes (pai).

Diversos retábulos e capelas materializam o culto mariano sob diferentes títulos, como Nossa Senhora do Presépio, Nossa Senhora da Silva, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora da Expectação, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Vandoma – sendo esta última a mais importante, enquanto patrona da cidade e inscrita no brasão municipal desde o século XVI.

Casa do Cabido expõe “tesouro da catedral”

Destaque para o coro alto onde foi instalado, em 1985, um grande órgão de tubos, pela firma Georg Jann.

Já o acesso ao claustro da Catedral é feito pelo interior da mesma, por uma porta situada do lado direito. Este claustro pertence ao século XIV e está decorado com azulejos que refletem cenas religiosas. Do claustro também se pode entrar na Casa do Cabido, onde é exposto o “tesouro da catedral”, uma coleção de objetos de ourivesaria religiosa.

Faz parte deste conjunto arquitetónico o grandioso edifício do Paço Episcopal, cuja construção remonta também ao século XII.

No centro da praça da Catedral existe ainda uma coluna que era usada para enforcar os criminosos. Desse ponto há uma vista privilegiada para a cidade e o rio Douro.