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Histórias da Cidade: Tomé Lopes, o desconhecido escrivão das viagens à Índia

  • Paulo Alexandre Neves

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No Dia da Marinha, recentemente comemorado no Porto, o presidente da Câmara lembrou, no seu discurso, uma personagem histórica pouco conhecida dos portugueses: Tomé Lopes. "É graças à coragem e resistência deste cronista portuense, que temos hoje um conhecimento mais profundo e fidedigno do que foi a passagem dos portugueses pela Índia", sublinhou Rui Moreira. Um período histórico que, como relata o próprio Tomé Lopes, teve muito de heroico, mas também de dramático e violento.

Pouco se sabe sobre este protagonista. Apenas, que nasceu no Porto e que seguiu, como escrivão, na segunda viagem de Vasco da Gama à Índia (1502–1503). Viveu peripécias épicas, uma vez que o navio onde seguia se perdeu no Cabo da Boa Esperança, sob uma violenta tempestade. Fazia parte de uma esquadra de cinco navios, sob o comando geral de Estêvão da Gama (primo de Vasco da Gama). Partiu de Lisboa a 1 de abril de 1502, pretendendo alcançar e juntar-se à quarta armada portuguesa da Índia do almirante Vasco da Gama, que partira poucos meses antes (fevereiro de 1502). De acordo com Tomé Lopes, a sua esquadra alcançou a armada principal a 21 de agosto de 1502, na Ilha de Anjediva, na costa de Malabar, na Índia.

Deixou a Índia em fevereiro de 1503, iniciando a viagem de volta a Portugal. E no regresso, ainda que soubessem o caminho, "tomámos um piloto negro que nos pediu dez cruzados para nos pôr as naus em Quíloa" (A “Navegação às Índias Orientais” do portuense Tomé Lopes in António Cruz, “O Porto e os Descobrimentos”. Porto.1972.75)

“Partimos de Cananor na volta de Portugal; não pelo rumo por onde as outras naus costumam vir, porém, sim, atravessando o golfe direito a Moçambique como o Almirante quis apesar de ainda não ter sido descoberto” (Tomé Lopes, ed. cit. 137).

Ainda que pouco conhecido, Tomé Lopes tornou-se uma das fontes mais credíveis para historiadores e estudiosos da epopeia dos Descobrimentos portugueses.