Sociedade

Histórias da cidade: Ponte da Arrábida, engenho e arte de Edgar Cardoso no rio Douro

  • Paulo Alexandre Neves

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Ponte da Arrábida.jpg

Arquivo Municipal

Demorou seis anos a ser construída. Monumento nacional foi a primeira grande obra sobre o rio Douro projetada e construída pela engenharia portuguesa. A Ponte da Arrábida foi inaugurada no dia 22 de Junho de 1963, segundo projeto do engenheiro Edgar Cardoso. Era, à data, a ponte em arco de betão armado com maior vão em todo o mundo: 270 metros. A sua singela beleza é ainda hoje admirada, consolidando-se como um dos ícones da cidade.

A existência de uma nova ponte rodoviária que ligasse as margens do Porto e Vila Nova de Gaia começou por ser estudada nos anos 30 do século passado, mas só em 1950 o Conselho Superior das Obras Públicas viria a aconselhar uma travessia entre Candal (Vila Nova de Gaia) e a Arrábida, no Porto. Na altura, quem viesse de sul para norte tinha como única opção a Estrada Nacional N.º 1, passando pela Avenida da República, em Vila Nova de Gaia, atravessando o tabuleiro superior da Ponte Luiz I, antes de chegar ao centro da cidade, através da Avenida da Ponte.

Coube ao jovem engenheiro Edgar Cardoso proceder à elaboração de anteprojetos para a ponte. Várias soluções foram postas em cima da mesa – ponte em arco de alvenaria, suspensa, metálica em arco, de betão pré-esforçado –, acabando a opção final de construção por recair no betão armado. Uma das razões apontadas foi a escolha sobre os materiais, preferindo-se os nacionais.

A obra-prima de Edgar Cardoso

O projeto ficado concluído em 1955. Durante a sua construção, que começou em 1957, Edgar Cardoso fazia questão de acompanhar a obra. "Passava por ali todas as semanas e reunia com cerca de 20 pessoas", recorda um seu antigo colaborador. Quer os métodos usados para a sua construção, quer a solução construída, constituíram avanços notáveis, a nível internacional.

A nova ligação rodoviária viria a ser inaugurada em 1963. Para além dos elementos de arquitetura e engenharia da autoria de Edgar Cardoso inclui elementos escultóricos assinados por Salvador Barata Feyo e Gustavo Bastos.

O dia 22 de junho de 1963 foi, naturalmente, de festa. A cidade estava em festa. Barcos engalanados no rio Douro e muitos curiosos para ver, passar e apreciar o que ainda hoje é considerada umas das mais importantes obras da engenharia portuguesa. Seis décadas depois, a Ponte da Arrábida continua a ser um dos símbolos do Porto. A paisagem do estuário do rio Douro junto à Foz não seria igual sem a obra-prima de Edgar Cardoso.