Ambiente

Histórias da Cidade: Parque de Serralves, um pulmão verde já com 100 anos

  • Paulo Alexandre Neves

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Filipa Brito

A história do Parque de Serralves começa em 1923, quando Carlos Alberto Amaral, 2.º Conde de Vizela, herdou a propriedade, renovou e criou os seus jardins. Projetado pelo arquiteto Jacques Gréber, o espaço tornou-se uma referência no património paisagístico, histórico e cultural da cidade, distribuído por uma propriedade de 18 hectares, que engloba, para além do parque, o Museu de Arte Contemporânea, a Casa de Serralves e a Quinta Pedagógica.

Esta história prossegue, já no século XX, quando Serralves foi comprado pelo industrial Delfim Ferreira, já na década de 1950. Novo hiato e, em 1986, a quinta foi adquirida pelo Estado, com restauro sob a direção da arquiteta paisagista Maria Teresa Andresen. Um ano mais tarde abre, oficialmente, ao público, pertencendo todo o espaço, desde então, à Fundação de Serralves.

O ano 2023 marca, pois, o centenário do Parque de Serralves e a fundação preparou um programa especial para assinalar a data, liderada pela historiadora Maria Fernanda Rollo. Um sítio composto por vegetação autóctone e exótica, em espaços harmoniosamente interligados (jardins formais, matas e uma quinta tradicional), classificados de Imóvel de Interesse Público em 1996 e reclassificados de Monumento Nacional, em 2012.

Local de paz e ambiente natural

A relevância do Parque de Serralves ultrapassou já fronteiras: faz parte da lista de jardins a visitar no nosso país (33 no total) do GardenVisit, o mais importante site internacional especializado em jardins, e ainda do livro The Gardener’s Garden, de Madison Cox, como um dos 250 jardins mais notáveis do mundo, ao lado do Taj Mahal (Índia), Kew Gardens (Reino Unido), Versailhes (França), Alhambra (Espanha), High Line (EUA) ou o Jardim de Burle Marx (Brasil).

Num artigo apresentado durante o 8.º Congresso Luso-Brasileiro para o Planeamento Urbano, Regional, Integrado e Sustentável, realizado em outubro de 2018, em Coimbra, intitulado "O património paisagístico na estratégia de desenvolvimento turístico urbano. O caso do Parque de Serralves no Porto", Susana Silva e Paulo Carvalho, investigadores do CEGOT - Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Territórios (resultante da cooperação dos Departamentos de Geografia da Universidade de Coimbra e da Universidade do Porto), propõem-se analisar o perfil socioeconómico e demográfico do visitante do parque, assim como os seus interesses, motivações, hábitos de visita e comportamentos. "Os resultados comprovam o seu elevado grau de internacionalização mas também a sua relevância nacional. Presença indiscutível nos percursos pela cidade, o parque é visitado pela paz, tranquilidade, descanso e pelo ambiente natural", pode ler-se no documento.

"O Porto é, nos dias que correm, uma cidade marcada pela multiplicidade de consumos e de ofertas. Embora seja notório que a imagem da cidade está fortemente alicerçada na sua componente histórica e intimamente ligada a determinados ícones patrimoniais, que a tornam bastante atrativa do ponto de vista turístico, percebe-se que, de forma crescente e consistente, tem havido uma reconfiguração iconográfica marcada pelo desenvolvimento de uma vertente mais plural, diversificada, criativa, contemporânea e cosmopolita, sem, contudo, anular a vertente histórica, naturalmente dominante, que alimenta os fluxos turísticos que o Porto vem acolhendo, cada vez mais densos e mais complexos", concluíam os investigadores, em 2018.

Aos 100 anos, o Parque de Serralves, um dos pulmões verdes da cidade, renova-se todos os dias, deixando, a quem o procura, vontade de sempre lá voltar.