Sociedade

Histórias da Cidade: Nicolau Nasoni, "o arquiteto do Porto"

  • Paulo Alexandre Neves

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Filipa Brito

Este ano cumprem-se 250 anos sobre a data da morte de Nicolau Nasoni. Autor de obras icónicas da cidade, como a Torre dos Clérigos, a fachada da Igreja da Misericórdia, o Palácio do Freixo e a Quinta da Prelada, viu-se no estatuto de "o arquiteto do Porto". Ao longo do ano serão muitas as evocações à sua vida e obra, para além dos muitos estudos académicos já produzidos sobre o criador italiano, que, na primeira metade do século XVIII, marcou a produção artística da região e a paisagem do Porto.

O Museu e Bibliotecas do Porto, com a colaboração da Irmandade dos Clérigos, promove um curso breve dedicado à vida e obra de Nasoni, com quatro sessões, a começar já esta segunda-feira, dia 6 de março. A própria Irmandade tem previsto diversos momentos culturais e uma ação de alusão às origens transalpinas do arquiteto oitocentista. Destaque para "O Porto de Nasoni", um conjunto de passeios mensais com duração de meio-dia, aos fins-de-semana, na companhia do historiador e arqueólogo Joel Cleto, e o Ciclo de Concertos Barrocos, na Igreja dos Clérigos, homenagem à música italiana e barroca em específico.

"Nasoni deu ao Porto aquela grandeza urbana, que nasce da posse de palácios e templos, conventos e casas nobres em grande escala, identificados com um génio artístico de primeira qualidade. E, no caso do grande artista portuense, esta distinção não se limita ao campo da arquitetura. Manifestou-se também na pintura, na escultura, tanto em pedra como na talha, na ourivesaria, no ferro forjado, para citar apenas alguns aspetos do génio do homem extraordinário, que enobreceu plasticamente a cidade do Porto" (Revista "O Tripeiro", nº7, Julho 1996, VI série, Ano VI).

Obras espalhadas pelo norte do país

Foram vários os monumentos e edifícios que erigiu no Norte do país, marcados pelo barroco e rococó. Mal chega ao Porto, em novembro de 1725, começa a trabalhar na Sé do Porto. Seguem-se a construção da habitação e jardim da Quinta da Prelada, o retábulo na Igreja de Santo Ildefonso, a construção da Igreja de São João Novo e da Quinta de Ramalde.

Mas a obra maior, que lhe ocupou três décadas de trabalho e perpetuou o seu legado na cidade, foi a Igreja dos Clérigos. Construção e ornamentação granítica, o templo ganha, desde logo, visibilidade pela sua monumentalidade e até novidade: uma única nave, numa zona de inclinação topográfica, com formas inconstantes e errantes.

O seu portfólio estende-se pela região norte: Igreja do Senhor Bom Jesus, em Matosinhos, o chafariz e a escadaria do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, a reconstrução da Igreja Matriz de Santa Marinha, em Vila Nova de Gaia, a parte central do Palácio de Mateus, em Vila Real, e a capela da Quinta da Conceição, em Leça da Palmeira.

Em 1773, no dia 30 de agosto, viria a morrer depauperado, sendo sepultado na cripta da Igreja do Clérigos. No livro de óbitos da Irmandade dos Clérigos pode ler-se: “Nicolau Nasoni foi sepultado nesta igreja sendo asestido pela Irmandade como pobre e se lhe fizerão os três oficios como também o da sepultura”.