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Histórias da cidade: Jardim da Cordoaria, uma montra de arte e história

  • Paulo Alexandre Neves

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Andreia Merca

A designação oficial é Jardim de João Chagas – numa homenagem ao escritor e político republicano, primeiro-ministro da I República –, mas os portuenses conhecem-no, mais depressa, por Jardim da Cordoaria. É um dos mais antigos da cidade, traçado pelo arquiteto paisagista alemão Emile David (1839-1873), que, em 1864, dirigiu também os trabalhos de jardinagem do Palácio de Cristal. Agora, a Câmara do Porto prepara-se para reabilitá-lo.

Tomemos a designação popular – Jardim da Cordoaria – e não por acaso. A partir do séc. XIX, ali se instalou a Cordoaria do Bispo. Era neste local, apelidado de cordoaria nova, que se encontravam também os cordoeiros. Foi sob a presidência de José António de Sousa Basto (1.º Visconde da Trindade) que a Câmara deu ordens para que eles retirassem dali, em definitivo, os seus utensílios, a fim de ser construído um jardim.

Implantado no antigo Campo do Olival – transformado, em 1611, em alameda, com percursos arborizados – tornou-se, ao longo dos séculos, numa montra de arte e história, sobretudo pela colocação de diversa estatuária: "A Flora" (1904), da autoria do escultor romântico Teixeira Lopes, as estátuas dos escritores oitocentistas Ramalho Ortigão (1909), do escultor Leopoldo Almeida, e António Nobre (1926), de Tomás Costa, e "O Rapto de Ganímedes" (1898), de António Fernandes de Sá (discípulo de Teixeira Lopes).

Já este século, o jardim recebeu, em 2001, as estátuas do madrileno Juan Muñoz, "Os Treze a Rir Uns dos Outros", e, mais recentemente (em janeiro deste ano), "The Escape – A Fuga" (na foto), de autoria do artista belga Dirk Lamote, representando o testemunho da amizade entre os povos belga e português e que está instalada no lago.

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Árvores classificadas de interesse público

Em 1941, um ciclone alterou a aparência do jardim, mantendo, no entanto, a sua "personalidade" romântica. Sempre considerado um espaço importante para os portuenses e munícipes, em 2001, e por ocasião da Capital Europeia da Cultura, é alvo de uma profunda remodelação, da autoria dos arquitetos paisagistas João Nunes e Carlos Ribas e dos arquitetos Camilo Cortesão e Mercês Vieira.

Não vedado e com uma forma triangular, com percursos retilíneos, o jardim dispõe de um lago e de um coreto de ferro fundido sobre base de granito, para além de árvores classificadas de interesse público, como a alameda de plátanos, o passeio das tílias, carvalhos americanos, alguns centenários, árvores exóticas (araucárias, cedros e sequóias), que, ao longo do ano, variam em cores e contrastes.

Agora, o Jardim da Cordoaria vai entrar na segunda fase de reabilitação, após a conclusão da primeira fase em 2017, com a execução do novo pavimento do canal do elétrico.