Sociedade

Histórias da cidade: Há 25 anos a ver estrelas com o Planetário

  • Paulo Alexandre Neves

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Guilherme Costa Oliveira

Em 1998, o Porto foi designado Capital Europeia da Cultura para o ano 2001. Nesse mesmo ano era inaugurado, a 24 de novembro, pelo então ministro da Ciência, José Mariano Gago (já falecido), o Planetário – Centro Ciência Viva, infraestrutura que serviu também de base aos pressupostos de candidatura para o acontecimento que viria a marcar o início do século na cidade. Um local com uma missão bem específica: incentivar a população para a área das ciências, principalmente da astronomia e das tecnologias que lhe estão associadas.

Antes do Planetário existia o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), criado em 1989. Um centro de investigação com reconhecimento internacional, que depressa se transformou na maior unidade nacional de investigação em astrofísica e ciências do espaço. Investigação científica, formação, divulgação e apoio ao ensino eram os três pilares da sua atuação.

Mas para que, nesta área, o puzzle ficasse completo era necessário juntar num único espaço um centro de criação de novo conhecimento científico e um espaço de disseminação e promoção da cultura científica. Essa era a visão da então diretora do CAUP, Teresa Lago, agraciada, em 2022, com a Medalha Municipal de Mérito, grau ouro.

Mais de 40 mil visitantes por ano

Demorou quase uma década para que nascesse o Planetário. Antes, e com o apoio do Governo Civil, o CAUP foi a primeira instituição nacional a adquirir um planetário portátil. A ideia fervilhava entre o meio académico e já com o propósito de construir um planetário no Porto, a Câmara Municipal adquiriu um projetor de estrelas optomecânico Carl Zeiss. No entanto, o ficou a aguardar pela construção do edifício… até 1997.

Em 2014, o espaço foi totalmente remodelado, com o objetivo de poder cumprir melhor a sua missão, aumentar as capacidades e ferramentas educacionais e tornar a experiência dos visitantes mais envolvente. De acordo com informação no site da instituição, o sistema optomecânico foi desmantelado e instalado um sistema digital de um dos fornecedores europeus com maior experiência e cujo sistema privilegia o rigor e exatidão científica, as cadeiras foram re-orientadas numa disposição unidirecional, tornando a experiência mais uniforme para todos os visitantes, o ecrã de projeção, a “dome”, substituído por uma de última geração, de modo a tornar as sobreposições entre as suas diversas placas virtualmente impercetíveis para o espectador durante a projeção. Atualmente, esta é a melhor “dome” que existe em Portugal.

Hoje, o Planetário do Porto – Centro Ciência Viva tem como missão promover uma cidadania ativa apoiada no conhecimento científico, inspirando e mobilizando os cidadãos através da ciência, promovendo a cultura científica e desafiando o público a partilhar e debater novas experiências.

Os visitantes são sempre acompanhados por profissionais com formação em astronomia, sendo uma parte da sessão apresentada ao vivo, incentivando o diálogo e a interatividade. O público é desafiado a explorar o sistema solar, exoplanetas, nebulosas, enxames de estrelas, galáxias e até buracos negros. Estando equipado com um poderoso simulador digital, que usa os dados científicos reais e recentes, o planetário transforma-se numa nave virtual capaz de percorrer todo o universo, sendo uma extraordinária ferramenta pedagógica e uma inigualável experiência sensorial. Uma visita de estudo ao planetário pode substituir, com vantagens, uma aula convencional na escola. Anualmente, o Planetário recebe mais de 40 mil visitantes por ano, sendo cerca de 70 por cento grupos escolares.