Sociedade

Histórias da cidade: comunidade chinesa plenamente integrada na sociedade portuense

  • Paulo Alexandre Neves

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Porto.

É já uma tradição, a comunidade chinesa residente em Portugal assinalar, no Porto, a chegada do seu novo ano. Foi assim em 2023, com o Ano do Coelho, e, agora, com o Ano do Dragão, quinto dos 12 signos do zodíaco chinês. Os primeiros registos da presença desta comunidade na Invicta datam das primeiras décadas do século passado, mas as relações entre os dois povos têm início nos alvores do século XVI, com o início das relações comerciais e o intercâmbio cultural, que se foi intensificando, de que resultou um legado que perdura até aos dias de hoje.

No Porto, a comunidade chinesa começou por fixar-se na zona da Batalha, a partir de 1930. Hoje, perfeitamente integrada participa na dinâmica social, económica e cultural da cidade, contribuindo para o bem comum e exercendo ativamente a sua cidadania. Assim foi, por exemplo, durante a recente pandemia covid-19, com a doação de equipamento médico, por parte da sua embaixada em Portugal, para além da resposta da própria comunidade residente na cidade, "numa clara demonstração do seu sentido cívico e da sua integração na nossa sociedade", tal como sublinhou, na passada sexta-feira, durante as celebrações do Ano do Dragão, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

Esta plena integração muito deve à família Chow e, em particular, ao comendador Chow Horng Tzer e ao seu pai, Li Chow Beou. Este chegou ao Porto em 1932, conforme revelou ao Porto. o seu neto, Y Ping Chow. "Foi gravateiro", diz com orgulho, acrescentando que "a fábrica [de gravatas] situava-se no Largo Actor Dias (no centro histórico)".

Um restaurante que é "Porto de Tradição"

O presidente da Câmara de Comércio Portugal-China recorda também seu pai, Chow Horng Tzer, fundador e primeiro presidente da Liga dos Chineses em Portugal (LCP). Abriu o primeiro restaurante chinês da cidade, em 1966, que se mantém de portas abertas junto ao tabuleiro superior da Ponte D. Luís.

O "Chinês da Ponte", como é, carinhosamente, conhecido na cidade (Restaurante Chinês é a sua denominação oficial), e agora gerido pela irmã de Y Ping Chow, integra, desde 2018, a lista dos estabelecimentos comerciais distinguidos pelo "Porto de Tradição" – programa municipal de reconhecimento e salvaguarda do comércio local e tradicional.

Outros negócios proliferam pela cidade e região do Grande Porto. Hoje, e de acordo com o Censos 2021, são mais de 23 mil os cidadãos chineses a residir em Portugal, estando concentrados sobretudo nos centros urbanos de Lisboa e Porto. No Porto residem cerca de 2.650 chineses, que formam uma comunidade perfeitamente integrada na cidade.