Sociedade

Histórias da Cidade: Chegou a primavera e o parque ganha (sempre) nova vida

  • Paulo Alexandre Neves

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Filipa Brito

Chega a primavera e com ela a disposição para usufruir espaços verdes urbanos. Do mais recôndito jardim aos parques existentes, tudo serve para espairecer. O Parque da Cidade é, por excelência, a zona mais procurada. Possui valências que lhe dão visibilidade interna e externa, como seja o caso da visita, nos últimos dez anos, de milhares de turistas por ocasião do Primavera Sound. Este ano não será diferente, com um programa que promete um cartaz de excelência.

O Parque da Cidade tem sido reconhecido internacionalmente, como seja o caso do programa Green Flag Award – galardão atribuído aos melhores parques urbanos e espaços verdes do mundo. Para além da "joia da coroa" ambiental, o Jardim do Passeio Alegre também se inclui no programa de acreditação internacional, sem fins lucrativos, que, desde 1996, reconhece e premeia os parques e espaços verdes com os mais elevados padrões de exigência na gestão e manutenção. Ambos são tutelados pelo Município do Porto.

O esforço da autarquia estende-se à requalificação e modernização de infraestruturas para a prática de desporto no Parque da Cidade, como foi o caso do campo de futebol, gerido pela empresa municipal Ágora – Cultura e Desporto. Foi alvo de alargamento e requalificação, estando apto a receber competições federadas.

O plano do engenheiro Ezequiel Campos…

Mas quem circula pela zona da Boavista talvez não saiba que a história da existência do Parque da Cidade remonta às primeiras décadas do século XX. Os primeiros registos no Arquivo Municipal do Porto remontam a 1926 e a uma planta cadastral, que contém delimitações de área, em grande parte coincidentes com as que viriam a ser ocupadas pelo parque, entre a Estrada da Circunvalação e a então Rua do Castelo do Queijo.

No entanto, é só em 1932 que o engenheiro Ezequiel de Campos apresenta uma proposta para um novo plano para a cidade – "Prólogo ao Plano Cidade do Porto". Este tinha como principal objetivo o melhoramento viário, propondo maior número de ligações na cidade e onde estava também prevista a existência de grandes espaços verdes implantados nas proximidades da Avenida da Boavista e a Noroeste, junto à Circunvalação.

Seguiram-se outros tantos planos e projetos para aquela zona – em 1945, foi aprovada, em reunião de câmara, uma planta para uma denominada zona desportiva; em 1952, apresentado o Plano Regulador da Cidade do Porto, por Antão de Almeida Garrett, e, em 1962, aprovado o Plano Diretor da Cidade do Porto, da autoria de Robert Auzelle, que previa criar um grande espaço verde.

… e o projeto do arquiteto Sinódio Pardal

Foi preciso esperar, contudo, mais alguns anos para que o Parque da Cidade se tornasse uma realidade. Com base num projeto do arquiteto paisagista Sidónio Pardal, desenvolvido ao longo da década de 1980 e concretizado no início da seguinte, é criado, em 1993, um "tapete verde" que se estende até ao mar, como a comunicação social anunciava na altura, segmentado em duas fases – uma primeira, que ocupa 500 mil metros quadrados, e uma segunda, com mais de 400 mil metros quadrados.

Como o próprio arquiteto então definia, "o Parque da Cidade desfruta de interioridade calma e contemplativa onde se sorvem, em uníssono, os sons, se observam espaços, como um fator de musealização, e se caminha com a sensação de nos diluirmos na natureza". Depressa, o espaço verde por excelência da cidade conquistou a predileção dos portuenses para o usufruto dos seus tempos livres.