Sociedade

Histórias da cidade: Acácio Lino, um génio das artes esquecido

  • Paulo Alexandre Neves

  • Notícia

    Notícia

DR_atelier_pintor_Acacio_Lima.jpg

DR

Deixou o curso de Medicina para se dedicar a duas grandes paixões: o desenho histórico e a pintura paisagística. Já a construção de bustos revelava outro talento, o da escultura. As suas telas podem ser vistas um pouco por todo o país. Fruto do seu trabalho, hoje um pouco esquecido, recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Belas-Artes, em 1927, a Comenda da Ordem de Sant'Iago da Espada e a Medalha de Ouro de Mérito Artístico da Cidade do Porto, em 1940 e 1941.

Acácio “Lino” de Magalhães nasceu em Travanca (Amarante). Destacou-se como autor de pintura naturalista e histórica, mas também pintou retrato e temas religiosos. As suas telas podem ser encontradas em museus e entidades portuguesas, públicas e privadas, como o Palácio de S. Bento (na “Sala Acácio Lino da Assembleia da República podem ser apreciados três painéis: “A Batalha de São Mamede”, “A Conspiração de 1640” e “A Reconstrução de Lisboa pelo Marquês de Pombal”) e o Museu Militar, em Lisboa. Mas também no Museu Malhoa, nas Caldas da Rainha, Museu Grão Vasco, em Viseu, Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, em Águeda, Museu Amadeo de Souza Cardoso e na sua própria Casa Museu, em Amarante.

No Porto, Acácio Lino está também representado, com algumas das suas obras, na Biblioteca Pública Municipal, Museu Nacional Soares dos Reis, Igreja dos Congregados e Teatro Nacional de S. João (onde foi um dos seus decoradores). “O Grande Desvairo”, que representa a tragédia de D. Pedro e D. Inês, chegou a estar exposto na Câmara Municipal, assim como a figura de João das Regras. Também na antiga Confeitaria Serrana (fechada e pertença, atualmente, de um grupo privado), bem junto à Estação de S. Bento, há uma tela, no teto, da sua autoria.

Professora acrescentou-lhe “Lino” ao nome

Na escola primária, a professora viria a acrescentar-lhe “Lino”, que, mais tarde, o pintor adotaria como nome artístico – Acácio Lino. Ao 12 anos veio viver para o Porto, onde frequentou a Academia Portuense de Belas Artes. Um dos professores que mais o marcou e com quem desenvolveu grande amizade foi Marques de Oliveira.

Em 1904 parte para Paris, tendo convivido e recebido influências dos grandes nomes do panorama artístico e intelectual da época. Por mestres, teve Jean-Paul Laurens e Fernand Cormon, que lhe legaram o gosto pela pintura histórica. Regressa ao Porto, onde, durante 36 anos, leciona na Escola de Belas Artes, tendo também exercido, durante algum tempo, funções de professor, na disciplina de desenho, no Liceu Alexandre Herculano.

Acácio Lino também fez escultura. Nela destacam-se os bustos de Soares dos Reis (escultor), de António do Lago Cerqueira (político de Amarante), de Ciríaco Cardoso (compositor musical) e da sua esposa Dina e o medalhão do Mestre José de Brito.

Foi alvo de muitas homenagens em vida, como a publicação da obra "O Livro de Ouro - Homenagem ao pintor Acácio Lino" ou a comemoração do seu jubileu, em Fevereiro de 1948, depois de 36 anos de docência, durante a qual lhe foi concedido o Grau de Comendador da Ordem de Cristo.

Considerado por muitos como um génio das artes viria a falecer na sua casa, no Largo Soares dos Reis, no Porto, em abril de 1956, com 78 anos.