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Histórias da cidade: a afirmação do ensino superior na cidade com a criação da Academia Politécnica em 1837

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Domingos Alvão

A 13 de janeiro de 1837, Passos Manuel decreta a criação da Academia Politécnica do Porto. Estava dado o primeiro passo para a reforma dos estudos superiores então em vigor na cidade e que, volvidos 185 anos de existência, demonstram toda a pujança que a Academia mantém no panorama do Ensino Superior nacional.

As origens da Academia Politécnica remontam a fevereiro de 1803, aquando da instituição, no Porto, da Academia Real de Marinha e Comércio - incorporando as Aulas de Náutica (1762) e de Debuxo e Desenho (1779) -, proporcionando, a partir de então, também o ensino de Filosofia, Matemática, Comércio, Náutica, Desenho, Inglês e Francês.

O decreto de criação da Academia Politécnica do Porto garante "o ensino das sciencias industriaes e a formação de 1.º engenheiros civis de todas as classes, taes como engenheiros de minas, constructores, e de pontes e estradas; 2.º, officiaes de marinha; 3.º, pilotos; 4.°, commerciantes; 5.°, agricultores; 6.°, directores de fabricas; 7.°, artistas." (artigo 155º)”.

A Academia Politécnica - cuja herança se distribui, hoje em dia, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) – instalou-se no edifício da antiga Academia Real da Marinha e Comércio, tendo como seu primeiro diretor o pintor João Baptista Ribeiro.

Mas a sua construção foi uma verdadeira epopeia, que durou quase 100 anos. Foram os engenheiros Alfredo Soares e António Ferreira Araújo e Silva os autores dos projetos de conclusão das obras do edifício, em 1930, mantendo a sua forma retangular, tal como tinha sido projetado inicialmente pelo arquiteto Carlos Amarante, pondo de parte a ideia de a mesma ser pentagonal, quando nele já se encontrava instalada a Faculdade de Ciências.

Em março de 1911, logo após a implantação da República, a reforma do ensino superior então decretada irá extinguir a Academia Politécnica, assim como a Escola Médico-Cirúrgica e a Escola de Farmácia, para criar, em sua substituição, a Universidade do Porto, que perdura até hoje.

A Academia foi integrada na nova Faculdade de Ciências - secções de Ciências Matemáticas, Ciências Físico-Químicas e Ciências Histórico-Naturais. As cadeiras que, na Academia, tinham correspondido aos cursos de Engenharia, foram declaradas anexas a esta Faculdade e vieram a constituir, em 1915, a Faculdade Técnica, a qual, por sua vez, em 1926, deu origem à Faculdade de Engenharia.