Sociedade

Histórias da cidade: 25 dias que abalaram o regime republicano

  • Paulo Alexandre Neves

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A história desenrola-se entre os dias 19 de janeiro e 13 de fevereiro de 1919. Tem como um dos seus epicentros o Éden Teatro e marca a última grande manifestação de revolta monárquica com utilização da força depois da implantação da República, em 1910. Vinte e cinco dias que abalaram o regime republicano, mas que o deixaram ainda mais forte.

Como sempre há um início da história: assassinato de Sidónio Pais, a 14 de dezembro de 1918, instabilidade política logo aproveitada pelos monárquicos para redobrar as suas ações no sentido de restaurar o regime derrubado em outubro de 1910.

A 19 de janeiro de 1919 é proclamada, no Porto, a restauração da Monarquia. Em parada, as tropas monárquicas ouvem a proclamação, lida por Satúrio Pires, fiel apoiante e grande amigo do capitão Paiva Couceiro. É constituída a Junta do Norte, que anuncia a constituição de uma Junta Governativa, composta por Paiva Couceiro, António Adalberto Sollari Allegro, o visconde do Banho, João de Almeida, Luís de Magalhães, Artur da Silva Ramos e o conde de Azevedo.

A Junta Governativa instala-se no Éden Teatro, localizado na Rua de Alexandre Herculano. O corpo de voluntários detinha e ali interrogava ativistas e simpatizantes republicanos. Memórias que se perderam com a sala, entretanto demolida em 1948.

Levantamento da “Guarda Real”

Após a vitória de Lisboa, as forças republicanas dirigem-se para Norte. Na cidade do Porto, a população republicana, reunida no Monte da Virgem, começava a manifestar, de forma espontânea, o apoio à República. E mais apoio deu quando foi publicada, a 13 de fevereiro de 1919, pela Junta Governativa, uma lei que levou a uma enorme desvalorização das notas do Banco de Portugal. Como curiosidade refira-se que a população devia entregar no Banco de Portugal as notas de 20, 50 e 100 mil réis, recebendo em troca 10% desse valor, em notas já sobretaxadas ou em notas mais pequenas, que perfizessem esses 10%.

Nesse mesmo dia, no Porto, um levantamento da "Guarda Real" (como fora designada a Guarda Republicana) desfraldaria a bandeira verde rubra, acabando de vez com a guerra civil e a aventura monárquica, que ficará para a História conhecida com a “Monarquia do Norte”. Júlio Dantas proclamava ser “a ordem inseparável da República. Se a data de 5 de Outubro é a data da República proclamada, a data de 13 de Fevereiro é a da República imortal”.