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Histórias da cidade: 10 toneladas de música que são um monumento

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Há mais de um quarto de século que o carrilhão da Torre dos Clérigos dá música à cidade. O conjunto de 49 sinos foi inaugurado no dia de São João, em 1995, e é um dos poucos exemplares que existem no país.

Um monumento dentro de um monumento, eis uma boa forma de descrever o carrilhão que existe desde 1995 na Torre dos Clérigos. O conjunto foi ali instalado há pouco mais de um quarto de século, e desde então que trouxe para mais perto da terra a música celestial dos seus sinos.

Em 1995, no dia de São João, o carrilhão foi inaugurado com um concerto para a cidade. A compra e montagem do carrilhão, segundo se lê no Sistema de Informação para o Património Arquitetónico (SIPA), da Direção-Geral do Património Cultural, custou 49 mil contos – qualquer coisa a rondar os 250 mil euros, de acordo com a taxa de conversão do escudo para o euro, fixada em 1998.

Composto por 49 sinos, o carrilhão de concerto da Torre dos Clérigos tem um peso total muito próximo das 10 toneladas: 9.978 quilos, para sermos mais exatos. O maior dos sinos que o compõe tem mais de 1,5 metros de diâmetro e 2 mil quilos de peso. No extremo oposto, o menor não passa dos 18 centímetros de diâmetro e pesa 5 quilos.

Peça de arte, de técnica, de cultura, o conjunto de sinos é ativado a partir de uma cabine instalada imediatamente por baixo do carrilhão, no interior da torre, pela ação de um carrilhanista, ou através de um computador.

O carrilhão foi construído e montado por uma empresa de Asten, pequena localidade nos Países Baixos conhecida como a “aldeia dos sinos”. Este epíteto deve-se ao facto de ali estar localizada a fundição Royal Eijsbouts, fundada em 1872 como “fábrica de relógios de torre” e que viria a especializar-se em sinos e carrilhões. Em Asten ocorre, todos os anos, um festival dedicado a esta forma de expressão musical, e existe também um museu dedicado aos carrilhões.

Mas voltemos aos Clérigos. Ali se encontra um dos mais importantes carrilhões do país, que, nos últimos dias, presenteou a cidade com concertos temáticos de Músicas Tradicionais de Natal, pelas mãos do carrilhanista Rui Soares, inseridos na programação regular que a Torre dos Clérigos oferece aos seus visitantes.

O carrilhão é o acréscimo mais recente de um complexo que está classificado como Monumento Nacional desde 1910. A edificação da igreja foi concluída em 1749 (embora o seu apetrechamento, e mais tarde, a ampliação da capela prolongassem as obras por mais uns anos), e a construção da torre foi dada por finalizada em 1763, com a colocação da cruz de ferro no topo e a imagem de São Paulo no nicho sobre a porta.

Passariam mais de dois séculos até que a Torre dos Clérigos ficasse equipada com o carrilhão. Antes, a estrutura desenhada por Nicolau Nasoni tivera várias utilizações de carácter público: “Serviu como telégrafo comercial, nela se colocando uma bandeira quando chegava o ‘paquete’ para que os comerciantes soubessem da sua aproximação, e foi usada para o relógio da cidade”, explica-se no SIPA.