Cultura

Há um lugar de sonho no Coliseu e tem lá dentro a história de um circo

  • Porto.

  • Notícia

    Notícia

Um menino entra no sonho do seu avô e encontra um lugar de boas memórias: há uma ilha rodeada de crianças. Há doces e palhaços, trapezistas e princesas. Na história que o Coliseu Porto Ageas conta há 82 anos há toda essa memória de um lugar de sonho para muitas gerações. Este ano, a viagem é guiada pelas palavras de Gonçalo M. Tavares, mas há outros personagens atrás das cortinas: o encenador Nuno Cardoso, o músico Alexandre Soares, o projecionista Luís Porto, a designer de luz Cárin Geada e até o mágico Luís de Matos.

“Gosto da ideia de que o circo é um espaço para algumas pessoas mostrarem uma espécie de fantasia temporária, que permite que entrem num espaço um pouco diferente do normal”, confessa o escritor.

Muitos anos antes de vencer o Prémio Literário José Saramago, o miúdo Gonçalo também foi absorvido pelo circo. Pela fantasia, assim como pela “ideia do perigo, a tensão”. E as histórias ficaram, a “rapariga que andava em cima de uma corda” e o suspense infligido por uma voz no altifalante da tenda circense ainda lhe vêm à memória.

“Às vezes, o circo também nos apanha, quando somos miúdos, pelo medo, pela surpresa, e isso é interessante”, reflete o escritor.

Daí a escrever uma história para o Circo do Coliseu foi…um desafio do diretor, Miguel Guedes. A ideia, conta Gonçalo M. Tavares, era “fazer um circo para crianças, mas que, de alguma maneira, trouxesse, também, questões da memória, questões até sociais, que aparecem de uma forma mais ou menos subtil, por exemplo a questão do preço do metro quadrado, na realidade e na imaginação”.

A partir do momento em que entregou o texto, o autor quis apenas ser espetador e respeitar a “liberdade criativa” da equipa. Está sentado na plateia para assistir, pela primeira vez, ao espetáculo que Nuno Cardoso criou a partir da sua história.

Memória e sonho de 15 de dezembro a 7 de janeiro

Também o encenador chegou ao circo por escolha de Miguel Guedes. “Quando nos apercebemos da história do Gonçalo, imaginei uma pessoa para a encenar e convidei o Nuno Cardoso, do Teatro Nacional São João, mostrando a importância de trabalharmos em rede entre as instituições culturais”, revela o diretor do Coliseu.

E acrescenta ao enredo “a direção de magia do Luís de Matos, uma pessoa absolutamente referencial, também nesta casa” e “a música do Alexandre Soares, um músico que todos admiramos, da cidade do Porto”.

Na história do Circo do Coliseu, “uma marca identitária, de ligação à cidade e às pessoas gigantesca”, há, também, páginas para “fazer um circo diferente e que seja, ele também, um marco e uma ideia de renovação e de transformação daquilo que entendemos que é o circo, que tem passado por um fenómeno de renovação gigante nos últimos anos”, acredita Miguel Guedes.

Entre tradição e contemporaneidade, entram no sonho deste avô artistas vindos da Alemanha, do Reino Unido, dos Estados Unidos, de Itália, da Dinamarca e, claro, de Portugal.

Enquanto se contar esta história, o Circo do Coliseu não sairá da memória de miúdos e graúdos. O sonho começa a 15 de dezembro e será bem real até 7 de janeiro.