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“Há dois pesos e duas medidas” na vacinação em Portugal, afirma Rui Moreira

  • Isabel Moreira da Silva

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Miguel Nogueira

O presidente da Câmara do Porto afirmou esta manhã que “não é aceitável que em matéria de vacinação se estejam a criar critérios territoriais quando eles antes não foram criados”. Rui Moreira considera que “há dois pesos e duas medidas” e que Governo e autoridades de saúde não andaram bem em relação às medidas de flexibilização aplicadas em Lisboa, mesmo que agora tenha havido um recuo ou um aclaramento. “O norte e resto do país são tratados de maneira diversa em relação à capital”, denuncia o autarca.

Segundo Rui Moreira, noutras cidades onde se assistiu ao recrudescimento do número de casos por Covid-19 “não se viu igual preocupação”. E mesmo que a solidariedade não seja posta em causa, há outra questão que prevalece. “O país é uno, temos todos os mesmos direitos”, declarou esta manhã à comunicação social, após uma visita às obras do antigo Matadouro, em Campanhã.

Por outro lado, as declarações feitas pelo secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, sobre contactos que tem estabelecido com a Câmara Municipal de Lisboa, levam o presidente da Câmara do Porto a constatar que “há dois pesos e duas medidas” nesta matéria.

Considerando até positivo que essas negociações se estabeleçam, o autarca não compreende, porém, porque não são elas também tidas com outros municípios, e nesse particular deu um exemplo. “Nós no Porto fomos inovadores na altura das testagens no Queimódromo. Em janeiro deste ano, anunciámos um drive-thru” no mesmo local, tendo sido o equipamento protocolado com o Hospital de São João. Até hoje, e mesmo com pareceres favoráveis dos ACES Ocidental e Oriental, adianta o autarca, “continuamos a não ser ouvidos e a não haver connosco diálogo”. “Não se compreende”.

Rui Moreira é também muito crítico do “mapa às cores” e dos modelos matemáticos que determinam a reversão de medidas de desconfinamento. Se Braga, como exemplificou, está em risco de recuar nas medidas, não entende porque, pelo contrário, “quando há um problema em Lisboa mexe-se a linha vermelha”.

“Em Lisboa fala-se com a câmara; aqui, ignora-se a posição das câmaras”, constata, recordando que, no ano passado, quando foi anunciada a cerca sanitária à cidade do Porto, “ninguém falou comigo”.

“O norte e o resto do país são tratados de maneira diversa em relação à capital”, vincou.

Se hoje fosse ouvido, e lhe fossem dadas competências nesse domínio, o presidente da Câmara do Porto tinha já, de antemão, uma reclamação a fazer. “Não vejo razão para fecharem os restaurantes às 22,30 horas: aumenta a concentração de pessoas e, além disso, prejudica a atividade económica”, partilhou ainda, dizendo que esta regra dificulta igualmente a retoma do comércio, que, na sua opinião, também poderia encerrar as portas mais tarde nos centros comerciais.

Garantida colaboração na final da Liga dos Campeões

Questionado pelos jornalistas, Rui Moreira esclareceu qual o papel da Câmara do Porto na final da Liga dos Campeões, que se disputa no próximo sábado no Estádio do Dragão.

“A Câmara do Porto não é nem organizadora nem coorganizadora do evento, que é organizado pela Federação Portuguesa de Futebol com a UEFA, com o patrocínio do Governo”, clarificou, confirmando que foi solicitada, por estas entidades, a colaboração da autarquia, e que esta disponibilizou dois espaços para os adeptos, designados de “fan zones”. “Uma na Avenida dos Aliados e outra na zona da Alfândega”, informou.

“Têm todos os recursos da câmara à disposição: Polícia Municipal, Proteção Civil e Bombeiros [Sapadores]”, detalhou o presidente da Câmara do Porto, recordando que a Polícia Municipal não tem competências em matéria de proteção e segurança, mas que sempre que é solicitada, dá o seu apoio. “É uma força de fiscalização que está à disposição da PSP, como sempre. Recordo que colocámos a Polícia Municipal ao serviço da PSP, em pandemia, e acho que mais nenhum município o fez”, assinalou Rui Moreira.