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Equipa da U.Porto na vanguarda da investigação da artrite reumatoide

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Filipa Brito

Uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) vai integrar um projeto europeu, recentemente financiado pela União Europeia com o valor de seis milhões de euros, que pretende desenvolver uma plataforma, no âmbito de uma Ação de Investigação e Inovação, para tratar a atrite reumatoide.

O projeto FLAMIN-GO, composto por 14 instituições de nove países, e da qual a instituição da Universidade do Porto faz parte, procura desenvolver uma plataforma do tipo organ-on chip para personalizar o tratamento da artrite reumatoide da articulação e mimetizar todos os tecidos (cartilagem, tecido sinovial, sistema vascular e células imunes) afetados por esta inflamação.

"Cada um destes tecidos estará num bloco, organizados como se fossem peças de lego, e os sensores vão captar este meio ambiente patológico (para perceber melhor a doença) e perceber como reagem os tecidos quando testamos os fármacos", explica Meriem Lamghari, líder do grupo de investigação em Neuro & Skeletal Circuits do i3S.

Esta plataforma, adianta a investigadora, "integra várias tecnologias, como a microfluídica, os sensores, a bio-impressão e a Imaging Mass Cytometry".

Além disso, "serão utilizadas células derivadas de biópsias de pacientes com artrite reumatoide, o que permitirá desenvolver a terapia adequada para cada paciente. Ou seja, obter uma terapia individualizada, personalizada", acrescenta Meriem Lamghari.

O projeto prevê ainda a criação de uma empresa startup para a comercialização desta plataforma.

A missão do grupo de investigação português, que irá receber cerca de meio milhão de euros, é desenvolver o compartimento que mimetiza o tecido vascular em condições inflamatórias. Graças ao financiamento, a responsável adianta que "permitirá contratar quatro investigadores, dois pós-doutorados e dois técnicos".

Este trabalho articula-se com três outros projetos europeus já em curso: o RESTORE, no qual a investigadora do i3S é a coordenadora, e que se centra no desenvolvimento de soluções baseadas em estratégias de nanomedicina para regeneração de cartilagem articular; o PREMUROSA, que aposta na medicina personalizada para as doenças músculo-esqueléticas e envelhecimento ativo; e o BonepainII, cujo principal objetivo é desenvolver novas terapias para a dor esquelética.

A artrite reumatoide é uma doença crónica, autoimune e inflamatória, caracterizada por causar dor, edema (inchaço), rigidez e perda de função nas articulações. Provocando a inflamação das articulações, pode atingir e causar alterações na cartilagem, osso, tendões e ligamentos de diversas articulações.

Com envolvimento simétrico, atinge mais frequentemente os punhos e os dedos, mas pode também atingir pés, ombros, joelhos, cotovelos, ancas e coluna cervical, entre outros.

Esta doença afeta entre 0,5 e 1,5 por cento da população nos países industrializados e em Portugal varia entre os 0,8 e 1,5 por cento, sendo quatro vezes mais prevalente em mulheres do que em homens. O pico de incidência nas mulheres dá-se, geralmente, após a menopausa, mas ainda assim pode surgir em pessoas de todas as idades, incluindo adolescentes.

Apesar de a doença não ter cura, já existem muitos tratamentos disponíveis, embora nem sempre eficazes. Clínicos e investigadores são unânimes em afirmar que é cada vez mais premente adequar as terapias ao perfil de cada um dos doentes.